Lupi fura estratégia da oposição ao antecipar explicações sobre as denúncias no Ministério do Trabalho

(Foto: Antônio Cruz - ABr)
Cantilena da inocência – O ministro do Trabalho, Carlos Lupi (PDT), quebrou a estratégia da oposição ao antecipar suas explicações, na Câmara dos Deputados, para as acusações de aparelhamento partidário e desvio de recursos públicos através de convênios com organizações não-governamentais.

A ideia dos partidos oposicionistas era convidar ou convocar primeiro os funcionários, ex-funcionários e pessoas supostamente implicadas nas irregularidades ocorridas no Ministério do Trabalho, para depois inquirir Lupi, que nesta quinta-feira (10) mostrou sua versão na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara. Lupi procurou ser convincente, a mesma tática usada pelos demais cinco ministros (Antônio Palocci, Pedro Novais, Alfredo Nascimento e Wagner Rossi) envolvidos em denúncias de corrupção e que posteriormente foram demitidos.

O ministro afirmou que “não há corrupção” no ministério e disse que tem total “confiança” no chefe de gabinete, Marcelo Canelas, acusado de ser o operador do esquema, publicado inicialmente na revista “Veja”. Carlos Lupi disse que tem “absoluta confiança” no seu amigo de 25 anos. O pedetista repetiu a frase várias vezes.

“A denúncia que se faz no Ministério do Trabalho é em cima de duas figuras anônimas que representam instituições que não receberam dinheiro”, garantiu. Lupi não explicou suas declarações de que as denúncias seriam provenientes de uma “orquestração”.

O ministro disse que não aceitou a corona em jatinho da “Pro Serrado”, entidade suspeita de desvio dos recursos de convênios. E disse que não tem relações pessoais com Adair Meira, o gestor de três entidades capitaneadas pela Pro Serrado, cujas diretorias se confundem na ONG, na Rede Nacional de Aprendizagem e Fundação Universitária. Todas elas estariam com problemas de prestação de contas junto ao Tribunal de Contas da União.

Segundo um rápido levantamento feito pelo deputado Fernando Franceschini (PSD-PR), com base em documentos apresentados na audiência pelo Ministério do Trabalho, 51% de 491 convênios e 54% dos valores acordados não tem prestação de contas. Lupi garantiu que muitos dos problemas identificados são por conta do “sistema” de informatização que não está totalmente concluído. “Pode ter tido problemas na averiguação de projetos… cada convênio tem suas regras que são acompanhados pela CGU”, garantiu.

Sobre a afirmação de que só sairia do cargo de ministro a bala, Carlos Lupi pediu desculpas. “A gente erra, eu exagerei, foi um momento infeliz”.