Mulheres petistas, sob a influência da ministra Gleisi, se articulam para premiar Dilma Rousseff

Sem noção – Desde que chegou à principal cadeira do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff tem dedicado boa parte do tempo ao gerenciamento dos escândalos de corrupção. O único ministro que deixou o governo sem nenhuma acusação grave foi o gaúcho Nelson Jobim, então titular do Ministério da Defesa, que foi defenestrado por causa de críticas às ministras Ideli Salvatti (Relações Institucionais) e Gleisi Hoffmann (Casa Civil).

Muito tem se falado sobre os problemas enfrentados por Dilma, mas não se trata de uma novidade para quem, durante algum tempo, foi a primeira pessoa mais importante do governo de Luiz Inácio da Silva, depois do próprio ex-metalúrgico. Em outras palavras, Dilma conhecia em detalhes a herança que receberia e aceitou as indicações feitas por Lula para a composição da equipe ministerial.

Pelo fato de ser a primeira mulher eleita para a Presidência da República, Dilma tem sido alvo de salamaleques dos mais variados. Antes de ser convidada para assumir o lugar do companheiro Antonio Palocci Filho, que deixou o governo debaixo de acusações de tráfico de influência e enriquecimento meteórico, a paranaense Gleisi Hoffmann apresentou no Senado Federal, em fevereiro passado, requerimento para que a Casa conceda à presidente o Diploma Mulher Cidadã Bertha Lutz.

Criado pela Mesa Diretora do Senado em 2001, o Prêmio Bertha Lutz é uma homenagem às mulheres do País que tenham prestado relevantes serviços na área de defesa dos direitos humanos e em questões de gênero. A premiação ocorre no início do mês de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher. Acontece que na ocasião da proposta da agora ministra Gleisi as inscrições para o Prêmio Bertha Lutz estavam encerradas desde novembro de 2010, o que deixou Dilma Rousseff fora da disputa. Mesmo assim, Gleisi Hoffmann defendeu, sem sucesso, a inclusão extemporânea do nome da presidente.

Agora, com o objetivo de patrocinar mais um beija-mão oficial, a ministra Gleisi Hoffmann assiste (quiçá não esteja comandando) à movimentação para que o prêmio de 2012 seja concedido à presidente Dilma. O prazo para as inscrições termina no final deste mês, mas a União Brasileira de Mulheres (UBM) se movimenta para que o Prêmio Bertha Lutz termine nas mãos de Dilma Rousseff. Acontece que muitas das integrantes da UBM são contrárias à proposta, que pode ter como incentivadora a petista Antonia de Araújo Passos, ligada ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva, casado com Gleisi Hoffmann.

Recentemente, durante a abertura Conferência Estadual de Mulheres do Paraná, Antonia Passos acabou criando clima de constrangimento no evento, pois se dispôs a falar em nome da sociedade civil e acabou lendo uma carta da ministra Gleisi Hoffmann. A manobra foi mal recebida pelas participantes do evento, mas é preciso lembrar que a ministra-chefe da Casa Civil ainda não decidiu se disputará a prefeitura de Curitiba em 2012 ou o governo paranaense em 2014. Coincidência ou não, Gleisi, por indicação da UBM, recebeu o Prêmio Bertha Lutz quando ainda era diretora da porção brasileira da binacional Itaipu.

Deixando de lado os escaninhos, causa espécie o fato de alguém pensar em conceder o mencionado prêmio a Dilma Rousseff, apenas pelo fato de ela ser mulher. Até porque, há no Brasil inúmeras mulheres que merecem o tal prêmio, muito antes de Dilma. Especialmente porque não se pode falar em direitos humanos quando o governo é complacente com a corrupção, um mal que leva o dinheiro de dezenas de milhões de brasileiros de bem.