Força paralela – Desde que tornou-se refém do voraz apetite dos parlamentares, o governo federal passou a perder cada vez mais espaço no Congresso Nacional, onde só consegue aprovar matérias de seu interesse a reboque de escambos nada ortodoxos.
Quando Luiz Inácio da Silva teve sua permanência no Palácio do Planalto ameaçada pelo pagamento dos honorários de Duda Mendonça em conta bancária no exterior, quem salvou a pele do ex-metalúrgico foi o senador José Sarney (PMDB-AP), atual presidente do Senado Federal. De lá para cá, a proximidade de Sarney com os petistas instalados no poder cresceu assustadoramente.
A relação nada casta de Sarney com Lula patrocinou, por exemplo a demissão da secretária da Receita Federal, Lina Maria Vieira, que ousou (sic) investigar as estripulias financeiras do empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado e integrante do clã que há mais de cinco décadas governa com mão de ferro o mais miserável estado brasileiro, o Maranhão. Lina foi chamado em palácio pela então chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e acabou demitida pelo ministro Guido Mantega, da Fazenda.
Quem acompanha o cotidiano da política nacional sabe que Sarney não apenas pulveriza sua ingerência pela máquina estatal, como também evita que escândalos de maiores proporções atinjam o seu partido. Isso é resultado da dependência do Palácio do Planalto em relação ao PMDB. Exemplo dessa situação foi a indicação do deputado Gastão Vieira (PMDB-MA) para o Ministério do Turismo, que assumiu a vaga no lugar de outro apaniguado da família Sarney, o trapalhão Pedro Novais.
Embalado pela certeza de que o Planalto depende do PMDB e principalmente de José Sarney, alguns integrantes do clã maranhense já não se incomodam em divulgar aos quatro cantos que o presidente do Senado Federal é o homem mais forte da República. E o fazem de forma abusada, sem se preocupar com quem esteja por perto.
Longe de querer fazer distinções de gêneros, mas pelo que se sabe, pelo menos até agora, Dilma Vana Rousseff é a mulher mais forte da República. Ou será que Sarney manda mais do que Dilma imagina?