É bom pensar – Por ocasião do vazamento de óleo no Golfo do México, o então presidente Luiz Inácio da Silva circulava pelo mundo na condição de xeique tropical do petróleo, embalado pelo discurso da camada pré-sal. À época da tragédia ocorrida em uma plataforma da British Petroleum, os jornalistas deste site sugeriram que o acidente deveria servir de lição aos brasileiros e às empresas que se candidataram a explorar petróleo e gás nas profundezas do mar do Brasil.
Recentemente, oportunistas de plantão não deixaram escapar a chance de voltar à cena com o vazamento de óleo na Bacia de Campos, acidente que é de responsabilidade da norte-americana Chevron. Audiência pública foi realizada no Congresso Nacional para que os responsáveis se explicassem diante de parlamentares especialistas em negócios e negociatas, autoridades deram entrevistas em tom messiânico, órgãos reguladores prometeram multas milionárias.
Encerrado o espetáculo de falsa probidade, uma nova notícia sobre o tema veio à baila. No último sábado (26), a Petrobras anunciou um vazamento de gás na plataforma P-40, em Macaé, na Bacia de Campos, na região norte fluminense. A estatal petrolífera informou que os reparos para conter o vazamento estavam sendo feitos e que não havia risco de explosão. No contraponto, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense informou que a linha onde ocorre o vazamento “está com um reparo provisório” desde 2010. Em nota, o sindicato foi incisivo: “Os trabalhadores defendem a parada da produção da plataforma. Para o sindicato, esta providência deveria ter sido tomada imediatamente após a identificação do vazamento, seguindo o preceito da segurança segundo o qual na dúvida, pare”.
Resta saber quem aparecerá para atirar na vidraça da Petrobras as mesmas pedras arremessadas contra a veneziana da Chevron. Até porque, o bom da democracia, pelo menos me tese, é a isonomia com que os indivíduos são tratados