Parafusos soltos – Como todo tirano, Kim Jong-il foi insensível às agruras enfrentadas pelos norte-coreanos. Sem se importar com os milhares que morreram de fome depois da extinção da União Soviética, que financiava a peso de ouro o regime totalitarista que ainda impera na Coreia do Norte, o ex-ditador manteve hábitos nababescos. Dizem os mais experientes que nada pode ser mais direitista do que a esquerda no poder. Tese que Kim Jong-il, morto no último sábado (17), comprovou ao mundo de todas as maneiras possíveis.
Na terça-feira (20), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) divulgou nota em que afirmou ter recebido com “profundo pesar” a notícia da morte do ditador da Coreia do Norte, Kim Jong-il. De acordo com a nota do PC do B, assinada pelo presidente nacional do partido, Renato Rabelo, e por Ricardo Abreu Alemão, secretário de Relações Internacionais, “o camarada Kim Jong Il manteve bem altas as bandeiras da independência da República Popular Democrática da Coreia, da luta anti-imperialista, da construção de um Estado e de uma economia prósperos e socialistas, e baseados nos interesses e necessidades das massas populares”.
Ideologia política não se discute, mas é no mínimo um ato de irresponsabilidade afirmar que Kim Jong-il em algum momento se preocupou com os “interesses e necessidades das massas populares”. Truculento e mentiroso, Kim Jong-il foi um viciado em artigos de luxo, como iates, perfumes caríssimos, veículos especiais. Kim Jong-il e seu entourage gastavam anualmente perto de US$ 800 mil com o famoso e caro conhaque Hennessy.
Enquanto os norte-coreanos morriam de fome, Kim Jong-il, segundo o jornal The Guardian, enviava seu chefe de cozinha “ao Uzbequistão para comprar caviar, à Dinamarca para comprar carne de porco, à China em busca de uvas e à Tailândia para encontrar mangas e papaias”.
Para completar o espetáculo de sandices, o PCdoB afirma na nota ter ”confiança de que o povo coreano e o Partido do Trabalho da Coreia irão superar este momento de dor e seguirão unidos para continuar a defender a independência da nação coreana frente às ameaças e ataques covardes do imperialismo, e ao mesmo tempo seguir impulsionando as inovações necessárias para avançar na construção socialista e na melhoria da vida do povo coreano”.