Morre no Rio de Janeiro, aos 63 anos, o maestro e arranjador Edson Frederico

(Detalhe de ilustração de Chico Caruso)
Minuto de silêncio – Morreu no Rio de Janeiro nesta quinta-feira (22), aos 63 anos, o pianista, maestro e arranjador Edson Frederico, vítima de insuficiência respiratória e esclerose lateral amiotrófica (confira descrição abaixo), de acordo com informações divulgadas pela Secretaria Municipal de Saúde. O músico estava internado desde o último dia 20 no Hospital Municipal Lourenço Jorge, com pneumonia e enfisema crônico.

Com mais de 40 anos de carreira, Edson Frederico fez arranjos para Tom Jobim, Toquinho e Miúcha, entre tantos importantes nomes da música brasileira. Em 1996 inicia sua carreira profissional como pianista em shows de Vinicius de Moraes e Elis Regina. Mais tarde, em 1970, Edson Frederico foi contratado pela extinta TV Tupi, onde atuou como pianista e orquestrador.

Em 1974 mudou-se para a TV Globo, onde atuou como maestro. Na emissora carioca, Edson Frederico foi diretor musical do programa “Sandra & Miéle” e escreveu trilhas sonoras para seriados consagrados como “Malu mulher” e “Carga Pesada”. Em 1975 lançou o disco “Edson Frederico”. Dois anos mais tarde, em 1997, assinou os arranjos do show “Tom, Vinicius, Toquinho e Miúcha”, realizado no Canecão, no Rio de Janeiro.

Nas décadas seguintes, o pianista e maestro atuou em orquestras, programas de televisão e musicais, como “Pippin”, de Hirson e Schwart; “Evita”, de Rice e Webber; e “Orfeu da Conceição”, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes.

Edson Frederico também participou como pianista, orquestrador e regente em vários discos, com destaque para “Flor de Liz”, de Djavan (1976); “Banda do Zé Pretinho”, de Jorge Ben Jor; “Love Brazil”, de Sarah Vaughan; e “Roberto Carlos” (1983). Em 2000, fez arranjos para o “Especial 100 Anos de MPB”, da Rede Globo.

Amigo do editor do ucho.info, Edson Frederico morava no Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, desde o início da década.

Esclerose Lateral Amiotrófica (Fonte: ABC da Saúde)

O que é?

A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) faz parte, junto com a Atrofia Muscular Espinal Progressiva e a Paralisia Bulbar Progressiva, de um grupo de doenças do neurônio motor (Atrofias Musculares Neurogênicas) de etiologia desconhecida, sendo distúrbios caracterizados por fraqueza muscular e atrofia por denervação. Cinco a dez por cento dos casos são familiares, com herança autossômica dominante. Nessa síndrome (ELA) clínica complexa, crônica e progressiva, os pacientes geralmente têm mais de 40 anos e a incidência da doença é maior em homens.

Como se desenvolve e o que se sente?

Câimbras são comuns e podem anteceder a fraqueza muscular e atrofia que se inicia pelas mãos, outras vezes pelos pés. A doença se caracteriza por degeneração dos feixes corticospinais (via piramidal) e dos cornos anteriores da medula, motivos pelos quais poderão aparecer fraqueza muscular sem dores, atrofias musculares, fasciculações (movimentos involuntários visíveis em repouso) e espasticidade (contração súbita e involuntária dos músculos).

Este quadro começa lentamente a progredir, comprometendo finalmente os membros superiores e inferiores juntamente com a musculatura do pescoço e da língua, em alguns casos. O paciente pode manifestar dificuldade para deglutir, engolir a saliva e os alimentos (disfagia), apresentar perda de peso, e dificuldade na articulação das palavras (disartria).

A fala pode ser flácida ou contraída, podendo haver uma alternância desses dois aspectos. A dificuldade de deglutir resulta em sialorréia (salivação), enquanto as dificuldades de respirar levam a queixas de cansaço. A morte ocorre geralmente dentro de dois a cinco anos, sendo que 20% dos pacientes sobrevivem seis anos.

Diagnóstico

Ao realizar o diagnóstico, é necessário afastar possibilidades de compressões medulares, seja por tumores da medula espinal ou patologias raquidianas. Miopatias, atrofia por escoliose cervical, disco intervertebral roto, malformações congênitas da coluna cervical e esclerose múltipla devem ser excluídos como causa da atrofia muscular.

Exames como Tomografia Computadorizada (CT) e Ressonância Magnética Raquidemular (RNM) e Eletroneuromielografia são elementos de peso para corroborar os achados clínicos. É bom lembrar que os sistemas sensitivos, os movimentos oculares voluntários e as funções intestinais e urinárias costumam ser normais.