Imprensa abusa do “achismo” na cobertura do desmoronamento de edifícios no Centro do Rio

Noticiário insano – A exemplo do que ocorreu logo após o naufrágio do transatlântico Costa Concordia, na Itália, o desabamento de três edifícios no Centro do Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira (25), está levando os veículos de comunicação a abusarem do “achismo”. Situação idêntica ocorreu por ocasião do acidente com o Airbus da TAM, em 2007, no aeroporto de Congonhas. Na ocasião, a dor dos familiares dos mortos no acidente foi simplesmente ignorada, pois cada emissora de televisão surgia a cada instante com uma novidade não confirmada.

A luta pela audiência leva alguns órgãos de imprensa a buscarem opiniões de especialistas e a abusarem de conjecturas. Não se trata de desdenhar a capacidade e o conhecimento dos que opinaram e ainda opinarão sobre a tragédia ocorrida no Rio de Janeiro, mas de alertar para a necessidade de se aguardar um laudo técnico para saber o que fato levou ao desmoronamento dos edifícios. Por mais que os especialistas consultados conheçam os temas relacionados à tragédia, cada caso deve ser analisado isoladamente e com muita cautela.

Em relação às conjecturas, essas servem para tumultuar as investigações e condenar antecipadamente os eventuais culpados pelo ocorrido, sem contar que muitas vezes pessoas inocentes acabam levadas de roldão. Esse tipo de estratégia funciona como tiro no escuro na caça a um furo de reportagem, algo que deve ser abandonado quando há mortos e feridos. O que a imprensa deve fazer em casos como o do Rio de Janeiro é apenas informar a população. Até porque, há no espectro jornalístico muitos assuntos que carecem de opiniões críticas e balizadas, como a política, por exemplo, mas que raramente acontecem porque os veículos midiáticos dependem do dinheiro da propaganda oficial.

No caso do desmoronamento dos três prédios na região central da capital fluminense, vários fatores devem ser levados em conta, inclusive a conjunção de alguns deles. Um dos exemplos é o fato de que o local onde foram erguidos os edifícios que ruíram foi, no passado, região de mangue, pois a Baia de Guanabara está a algumas quadras do local do acidente. O que não significa que essa tenha sido a causa da tragédia, pois construções à beira-mar são sólidas. De igual modo, é temerário afirmar no momento que a reforma em um andar do edifício mais alto foi responsável pelo desmoronamento.