No alvo – Presidente nacional do PPS, o deputado federal Roberto Freire (SP) concorda com a análise feita pelo ucho.info, objeto de matéria publicada na manhã desta quarta-feira, 1º de fevereiro. Freire considerou “um desastre” o resultado do desempenho do setor industrial em 2011, que praticamente estagnado registrou avanço de míseros 0,3% no ano. O parlamentar disse que o processo de desindustrialização por que passa o país “é de suma gravidade”.
Indignado com a situação da indústria nacional, Roberto Freire conclamou seus seguidores no Twitter (freire_roberto) a ler os artigos do ex-governador José Serra e do professor-doutor do departamento de economia da PUC-SP Antonio Corrêa de Lacerda sobre o assunto. Ambos estão disponibilizados no site do PPS.
Tanto Serra quanto Lacerda atribuem a responsabilidade da quase estagnação da indústria nacional às importações de manufaturados. Para Lacerda, ela é fator preponderante “em praticamente todos os seguimentos industriais, muitas vezes substituindo a produção local em elos relevantes da cadeia produtiva”.
A manutenção do real desvalorizado, por sua vez, diminui a competitividade da indústria nacional, afirma o especialista. O “custo elevado de financiamento e crédito, carga tributária sobre investimento e exportação, e infraestrutura e logística caras e deficientes”, além do elevado custo dos insumos prejudicam a capacidade competitiva e prejudica a geração de valor agregado local, conforme análise de Lacerda.
“A indústria parou. Nos tornamos um mercado de consumo relevante, mas um produtor decadente”, ressalta o doutor em economia. Para ele, a desindustrialização é fenômeno “precoce e intempestivo” no Brasil, e é um processo que deveria ser combatido fortemente. A indústria é fator de desenvolvimento e o Brasil pode ser produtor de bens primários ou manufaturados.
A opinião do tucano José Serra
Na avaliação do ex-governador José Serra, a indústria brasileira anda de lado, como caranguejo. Ele faz um paralelo entre a expansão do consumo e a retração do setor industrial, apontando o déficit na balança comercial do setor, que cresceu 37% em relação a 2010, chegando a R$ 44 bilhões, como prova de que as importações cresceram “vertiginosamente”.
“Há uma desindustrialização em marcha no Brasil. Além do encolhimento do setor. Em relação ao PIB (faz mais de uma década) há uma desintegração crescente das cadeias produtivas, tornando algumas atividades industriais parecidas com ‘maquiadoras’ mexicanas”, afirma Serra no texto.
O ex-governador critica, ainda, a pesada “e distorcida” carga tributária que recai sobre a indústria e exemplifica: “de cada R1 do custo do kw de energia elétrica, R$ 0,52 vão para tributos e encargos setoriais”. Outra causa da desindustrialização, aponta, são os problemas de infraestrutura. “O governo federal destina pouco para investir e investe pouco daquilo que destina, em razão da falta de planejamento, prioridades e capacidade executiva”. Serra lembra que o Brasil tem um dos menores investimentos públicos do mundo. Além disso, o governo não conseguiu fazer parcerias com a iniciativa privada.
A sobrevalorização do real, analisa Serra, torna mais baratas as importações do país e encarece suas exportações de manufaturados. “Levá-la em conta ajuda a compreender por que temos o Big Mac mais caro do mundo e os nossos turistas em Nova York, embora em menor número que alemães e ingleses, gastam mais que esses dois somados”.
Serra não acredita que o programa Brasil Maior, do governo federal, dê conta do desafio de dar cabo dos problemas da indústria. “Faltam envergadura e capacidade de implantação, sobram distorções”, diz.
Ao se desindustrializar, ressalta o ex-governador, o país está perdendo sua maior conquista do século XX. Sobre o título do artigo, “A vanguarda do atraso”, ele salienta que “envolve um conceito que tornaria o futuro da economia brasileira vítima de um presente de leniência e indecisão. Conceito que pauta, de fato, o lulopetismo”.