Greve de agentes de segurança é reflexo da promessa não cumprida pelo Planalto e por parlamentares

Que fique claro – A greve dos policiais militares da Bahia – que ganhou capítulo extra no Rio de Janeiro com a paralisação dos agentes de segurança e pode se espalhar por outros estados – é o que se pode chamar de tragédia anunciada. Na verdade, o movimento começou no ano passado com a paralisação dos policiais militares do Maranhão.

Em 2010, quando a proposta de Emenda Constitucional de número 300 chegou ao plenário da Câmara dos Deputados, o ucho.info informou que era preciso responsabilidade por parte dos parlamentares antes de defender a bandeira dos policiais. Não porque a categoria não mereça melhores salários, pelo contrário, mas porque a criação de um piso salarial nacional esbarraria na Lei de Responsabilidade Fiscal, o que exige a busca por uma solução adequada.

Na ocasião, a proposta do Palácio do Planalto para viabilizar a PEC era que o governo federal assumiria durante quatro anos a diferença salarial entre o valor pago aos policiais e o eventualmente aprovado, sendo que os estados assumiriam a integralidade salarial depois desse período. Como 2010 era ano de eleições, todos os envolvidos na suposta aprovação da PEC 300 prometeram o que sabiam ser impossível cumprir, pois naquele momento o importante era angariar votos.

Com a chegada de Dilma Rousseff ao poder central, a promessa feita por Luiz Inácio da Silva foi pelos ares. Enquanto o Planalto trabalha para que a votação em segundo turno da PEC continue empacada, os governadores fazem lobby no Congresso para que a matéria fique com está. O ucho.info alertou à época sobre o perigo que é açoitar corporações armadas, especialmente as responsáveis pela segurança pública. Como a promessa de Lula ainda não foi cumprida, e tão pouco será, o governo federal ameaça os grevistas com integrantes do Exército e da Força Nacional de Segurança.

Eleitos ou reeleitos, os que prometeram agora simplesmente tentam escapar dos agentes de segurança, que cobram o que lhes é devido. No contraponto, não se poder concordar com atos de vandalismo e terrorismo patrocinado pelos grevistas, que tem apenas e exclusivamente o direito de reivindicar melhores salários e condições adequadas de trabalho.