Poder e fogo – Aconteceu aquilo que já era esperado. Depois de muita embromação, deputados aprovaram a Lei Geral da Copa, tema que levou o secretário-geral da FIFA a sugerir que o Brasil carece de um “chute no traseiro”. Entre os tantos quesitos constantes na tal Lei, a venda de bebidas alcoólicas nos estádios, desde que em copos plásticos, foi liberada apenas durante a Copa do Mundo e a das Confederações.
Está mais do que provado que o consumo de bebidas nos estádios é patrocinador da violência, mas o governo brasileiro manteve a coerência, por mais incoerente que pareça, e manteve a palavra em relação ao tema. Por ocasião da apresentação da candidatura brasileira à FIFA, o Palácio do Planalto, sem qualquer reclamação, concordou com as inúmeras exigências de entidade futebolística. Dentre elas estava a venda de bebidas nos estádios, pois uma conhecida cervejaria norte-americana patrocina a Copa há alguns anos.
Um dos mais polêmicos assuntos da pauta de votação, a liberação da venda de bebidas mereceu críticas de vários parlamentares. “Em nome da economia, quanto vale a vida? O jogo não é uma apresentação de teatro, é uma disputa. E nós sabemos o que o álcool pode significar nisso, com pessoas violentas”, declarou a deputada federal Carmen Zanotto (PPS-SC).
No contraponto, o relator da matéria, deputado Vicente Cândido (PT-SP), disse que “não é razoável investir R$ 1 bilhão em estádio que será ponto turístico e não poder beber. O momento é diferente da violência de anos atrás”. De fato a violência atual é diferente da de tempos atrás, algo facilmente comprovado por fatos, notícias, estatísticas e outras ferramentas de apuração. Acontece que no Brasil o lobby acontece de forma oficiosa e rende verdadeiras fortunas a quem cria dificuldades para vender facilidades. E no caso dos “bebericos” da Copa do Mundo não foi diferente. Não se trata de afirmar que o relator se rendeu ao lobby cervejeiro, mas é certo que alguém fez isso sem qualquer cerimônia.
Meia-entrada
Outro tema da Lei Geral da Copa que transgrediu o conjunto legal brasileiro se refere às meias-entradas. De acordo com o texto aprovado na tarde desta terça-feira, os estudantes terão direto à meia-entrada somente na categoria 4 de ingressos, na chamada “cota social”. O benefício valerá também para integrantes do Bolsa Família e o preço final deverá sair a US$ 25 (cerca de R$ 45), com venda por meio de sorteios. Ao contrário dos estudantes, os idosos terão o desconto em todas as categorias, que inclui ingresso de até US$ 900.
A meia-entrada na categoria 4, de acordo com o deputado-relator, foi a solução encontrada para atender aos estudantes e à FIFA. Além da meia-entrada, os estudantes serão afetados durante a realização dos jogos. Pelo projeto, as redes de ensino pública e privada deverão garantir férias no período dos jogos.
Feriado
Outro ponto que engrossa o texto aprovado é o da decretação de feriado nos dias de jogos do Brasil. Quando o País ainda comemorava a escolha para sediar a Copa, o ucho.info afirmou que a vergonhosa infraestrutura do País exigiria das autoridades a decretação de feriado nos dias de apresentação da seleção brasileira. Muitos foram os que nos criticaram, mas trata-se de uma solução absurda para camuflar a inoperância de um governo que se alimenta no coxo do populismo.
A aprovação de tal quesito mostra que estávamos certo por ocasião de tal afirmação, pois se em dias normais é quase impraticável sair do centro da capital paulista, por exemplo, para alcançar o bairro de Itaquera, onde está sendo erguido o palco de abertura da Copa, em dias de jogos do Brasil será uma missão impossível.