Falou e não disse – Ministro da Fazenda, o petista Guido Mantega promoveu nesta terça-feira (6) entrevista coletiva, em Brasília, para explicar o Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2011, que fiou em 2,7%, aquém das expectativas do governo federal.
Aos jornalistas Mantega empurrou as desculpas de sempre, mas não conseguiu escapar de perguntas sobre a desvalorização da moeda norte-americana frente ao Real, assunto que pautou o encontro da presidente Dilma Rousseff com a chanceler alemã Angela Merkel.
O ministro da Fazenda disse que o governo tem um “arsenal de medidas” para desvalorizar o Real, uma vez que o objetivo é incentivar a indústria nacional, há muito vilipendiada por um conjunto de fatores que as autoridades olharam com desdém.Diante da insistência de alguns jornalistas em relação ao tema, Mantega disse que “o arsenal de medidas é infinito”. Ora, se o governo sabe a receita para conter a valorização do Real e tem os ingredientes para tal, é de se estranhar que até agora nenhuma medida eficaz tenha sido tomada.
Sobre a possível redução da taxa básica de juro (Selic) pelo Copom, cuja decisão será anunciada no início da noite de quarta-feira (7), o titular da Fazenda alegou que nada sabe sobre o assunto e que não quer saber, pois trata-se de matéria de responsabilidade do Banco Central. Uma deslavada mentira, pois o BC é um órgão não independente do governo. Mesmo assim, Mantega acredita que uma redução dos juros é possível diante do ligeiro encolhimento da inflação.
O detalhe preocupante nessa fábula econômica está na conjunção de alguns dados. A desvalorização do dólar, resultado da expansão monetária praticada por países desenvolvidos, até agora serviu ao Brasil como ferramenta para manter a inflação sob controle. Com a valorização da moeda norte-americana, a inflação poderá apresentar tendência de alta, uma vez que o Palácio do Planalto aposta no consumo interno como forma de minimizar os efeitos da crise europeia.
Resumindo, o discurso de Mantega, recheado de “economês” é pomposo, mas no capítulo final a conta tem tudo para não fechar. No Brasil qualquer ação de longo prazo é um sonho impossível. Por conta disso, o País continua refém desses “puxadinhos” de ocasião.