Governo recua e aceita pedido de desculpas do secretário da FIFA, que sugeriu “pontapé no traseiro”

Palácio amarelado – Aconteceu o que o Brasil já esperava. O Palácio do Planalto autorizou o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, a aceitar o pedido de desculpas feito pelo secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, que dias atrás disse que por conta do atraso nas obras da Copa o País precisava de “um chute no traseiro”. A declaração, deselegante na forma e correta no conteúdo, criou uma polêmica que ganhou capítulos extras.

O primeiro capítulo da fábula coube ao ministro Aldo Rebelo, que afirmou que o governo não mais aceitaria Valcke como interlocutor da FIFA para assuntos relacionados à Copa do Mundo de 2014. O segundo ficou a cargo do secretário especial da Presidência da República, o trotskista marco Aurélio Garcia, que ao chegar a Hannover, na Alemanha, chamou o Jérôme Valcke de “vagabundo”.

O terceiro e derradeiro capítulo coube ao presidente da FIFA, o suíço Joseph Blatter, que também pediu desculpas ao governo e ao povo brasileiro, não sem antes requerer uma audiência com Dilma Vana Rousseff.

Esse jogo de cena até o pedido de desculpas ser aceito já era esperado, pois nessa queda de braços nenhum dos rivais quer sair da peleja menor do que entrou. À FIFA não interessa chegar ao País em 2014 sem o poder de mando, do mesmo modo que ao governo brasileiro não interessa perder o pouco controle que tem sobre o evento futebolístico. Sempre lembrando que a Copa é um evento da FIFA, não do país-sede.

Há muito dinheiro em jogo na operação da Copa e os executivos da FIFA ainda entenderão a razão do atraso nas obras. Uma das boas cartilhas sobre o assunto pode ser encontrada no Tribunal de Contas da União, o TCU, que condenou as contas dos Jogos Pan-Americanos de 2007, cujo orçamento inicial partiu de R$ 386 bilhões, mas a conta final chegou a absurdos R$ 5 bilhões. Esse milagre da multiplicação dos números é um bom começo para quem deseja compreender determinados assuntos em terras verde-louras.

Resumindo, o que começou como bate-boca de fundo de quintal terminou como conversa de comadres.

Confira abaixo o fac-símile da carta enviada a Joseph Blatter pelo ministro do Esporte