Dilma tenta impor sua marca despachando ministros, mas continua refém do fisiologismo

Para inglês ver – A demissão do petista Afonso Florence, que na noite da última sexta-feira (9) foi ejetado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, foi a décima segunda mudança na equipe da presidente Dilma Rousseff, que está no poder há exatos 436 dias. Para quem gosta de números, a presidente despachou um ministro a cada 36 dias.

Há quem diga que Dilma começa a imprimir ao governo a sua própria marca, mas isso ainda está longe de acontecer. A opinião desses entusiastas se deve ao fato de que a presidente foi obrigada a aceitar uma equipe ministerial quase toda desenhada pelo antecessor, o ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva.

Na realidade, essa aludida nova identidade é ilusória, pois para aplacar a rebelião da base aliada, capitaneada pelo PMDB, o governo terá de lotear ainda mais o primeiro e segundo escalões da máquina federal. Além disso, é preciso considerar que a Esplanada dos Ministérios é composta por nada menos que três dúzias de pastas, o que transforma o atual governo no mais inchado de toda a história política nacional.

Esse inchaço da máquina, que vem acontecendo nas últimas décadas, se deve à necessidade cada vez maior de o Executivo conquistar apoio político, mesmo que por vias transversas, o que obriga o País a se submeter à incompetência de muitos e ao fisiologismo partidário. Logo após vencer a eleição presidencial de 2010, Dilma afirmou que a composição de sua equipe se daria a partir de critérios técnicos e que casos de corrupção não seriam aceitos. E o tempo tem provado exatamente o contrário, pois não só os ministros que deixaram a Esplanada dos Ministérios estão à sombra de transgressões.