Em clima de guerra com aliados, Dilma vai ao Congresso para receber condecoração de encomenda

Tudo combinado – Horas depois de trocar o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que será substituído por Eduardo Braga (PMDB-AM), e anunciar a saída do companheiro Cândido Vaccarezza (PT-SP) da liderança na Câmara dos Deputados, a presidente Dilma Rousseff aterrissa no Congresso Nacional nesta terça-feira (13), o que pode ser considerado um teste de convívio com os parlamentares da chamada base aliada.

A ida de Dilma ao Parlamento se deve à entrega do Prêmio Bertha Lutz, criado pelo Senado para homenagear as mulheres do País que prestaram relevantes serviços na área de defesa dos direitos humanos e em questões de gênero. A cerimônia que acontece no início do mês de marco é também alusiva ao Dia Internacional da Mulher.

A entrega do mencionado prêmio à presidente Dilma só foi possível por causa de uma movimentação da União Brasileira de Mulheres (UBM). Em recente encontro do grupo, a petista Antonia de Araújo Passos – ligada ao ministro das Comunicações, Paulo Bernardo da Silva, casado com Gleisi Hoffmann – causou constrangimento, pois se dispôs a falar em nome da sociedade civil e acabou lendo uma carta da ministra da Casa Civil. A manobra foi mal recebida pelas participantes do evento. Coincidência ou não, Gleisi Hoffmann, por indicação da mesma UBM, recebeu o Prêmio Bertha Lutz quando ainda era diretora da porção brasileira da binacional Itaipu.

Esse salamaleque em direção a Dilma Rousseff tem o objetivo de garantir o futuro político de Gleisi Hoffmann, que sonha em disputar a presidência da República em 20122, com o apoio de Dilma Rousseff. Porém, a concessão do prêmio à presidente causa estranheza, pois há no Brasil inúmeras mulheres que merecem o tal condecoração, muito antes de Dilma, que durante a campanha de 2010 foi alvo de polêmica ao defender que o aborto é uma questão de saúde pública. E quem defende o aborto de forma tão simplista e fria não merece um prêmio que reconhece os serviços em prol da defesa dos direitos humanos. De igual modo não se pode falar em direitos humanos quando a chefe do governo é complacente com a corrupção, um mal que leva o dinheiro de dezenas de milhões de brasileiros de bem.