Indústria paulista cria 2,5 mil empregos em fevereiro e desindustrialização preocupa Fiesp

Para baixo – Apesar de ter criado 2.500 empregos em fevereiro, reflexo das contratações sazonais do setor sucroalcooleiro, a indústria de transformação paulista registrou queda de 0,10% no nível de emprego, em comparação com janeiro, já descontados os efeitos sazonais. Nos primeiros dois meses do ano foram criados 4.500 novos postos de trabalho. Os números, no entanto, não indicam recuperação da indústria, que segue como um “filho doente” da economia brasileira, afirmou Paulo Francini, diretor do Departamento de Estudos e Pesquisas Econômicas (Depecon) da Fiesp e do Ciesp.

Francini revisou para baixo na projeção para o crescimento da produção da indústria de transformação brasileira em 2012, de 1,5% para 0%, mesma taxa esperada pela entidade para a geração de empregos este ano, na comparação com 2011. “Nós não estamos enxergando que a fase de contratação na indústria de transformação está chegando; o panorama para empregos é de 0,2%”, afirmou o dirigente.

Na leitura dos doze meses, em relação a igual período imediatamente anterior, a Pesquisa de Nível de Emprego do Estado de São Paulo, elaborada pela Fiesp, apontou queda de 1,24%, referente ao fechamento de 32.500 vagas. A Fiesp e o Ciesp divulgaram os números em entrevista coletiva concedida à imprensa, nesta terça-feira (13).

Do total de vagas criadas em fevereiro, 6.682 correspondem ao setor sucroalcooleiro, o qual apresentou ganho de 0,27% desde o início do ano, por conta da chegada da temporada de colheita da safra de cana-de-açúcar (2012/2013). Este é um movimento de contratação que não inspira otimismo para o emprego na indústria, já que boa parte dessas vagas vira demissão ao final da temporada de colheita.

Os demais setores da indústria de transformação foram responsáveis pelo fechamento de 4.182 postos de trabalho em fevereiro, uma variação negativa de 0,17%.

“Geração de empregos caindo e a indústria de transformação não vai bem. Já ficou claro para o governo que, pelo resultado do PIB (2,7%), a Indústria está doente, com crescimento de apenas 0,1%. O setor entra doente em 2012 e a situação é grave e urgente”, afirmou Paulo Francini.

Segundo o diretor da Fiesp/Ciesp, o emprego na indústria só não sofreu quedas ainda maiores porque reduzir quadro de funcionários é um processo caro para as empresas. “Abrir mão de pessoas treinadas e depois ter eventual necessidade de recontratar é uma ‘aventura’ e precisa de dinheiro. Quando qualquer empresa quer fazer redução de quadro, ela precisa ter dinheiro porque as verbas rescisórias são pesadas”, explicou.

Desindustrialização

“Ao olhar o PIB de 2011, acredito que o governo tenha se assustado e parece que existe, pelo menos, a intenção de tomar medidas para tentar melhorar as condições da indústria”, disse o diretor da Fiesp. “Enquanto algo de novo não surgir no tratamento da indústria, ela há de continuar doente e o resultado do emprego de fevereiro dá mostras disso”, diz.
Para ajudar na recuperação, a Fiesp defende desoneração da folha de pagamento, sem nenhuma porcentagem a mais sobre o faturamento.

“Isso não seria injusto porque a indústria de transformação participa com 14,6% do PIB e com mais 30% da arrecadação tributária, ou seja, existe uma distorção na instituição da carga tributaria”, defendeu Francini. “Todos os setores da indústria de transformação estão asfixiados por uma falta de competitividade que vem do cenário macroeconômico. O Brasil não é competitivo, não é problema da indústria. Entre quatro paredes ela é competitiva.”

Setores e regiões

Das atividades analisadas no levantamento de fevereiro, dez apresentaram efeitos negativos, nove mostraram variação positiva e três anotaram estabilidade. O índice apurou ainda que das 36 regiões analisadas, 18 apresentaram quadro negativo, 17 fecharam o mês de fevereiro com emprego em alta e uma região fechou com estabilidade.