Fernando Haddad ataca Kassab, mas o candidato petista e o prefeito paulistano se merecem

(Foto: André Lessa - Agência Estado)
Vestido para matar – Até outro dia o petista Fernando Haddad, candidato à prefeitura paulistana, cruzava os dedos para ter o apoio de Gilberto Kassab na campanha eleitoral. O acordo estava sendo costurado por Luiz Inácio da Silva, que impôs a candidatura do ex-ministro da Educação, mas a demora em relação a uma possível aliança fez com que o alcaide paulistano declarasse apoio a José Serra, que recentemente decidiu entrar na disputa.

Desconhecido pelo eleitorado da maior cidade brasileira, Fernando Haddad continua buscando soluções para tirar a própria campanha do atoleiro. É verdade que até outubro muitas coisas devem acontecer, mas as primeiras pesquisas dão conta que o petista precisará de um milagre para conquistar a capital dos paulistas.

Com Lula fora de combate por conta da recuperação do tratamento contra um câncer na laringe, Haddad é um maior abandonado na cidade de São Paulo, mesmo contando com a assessoria do ex-presidente.

Para tentar mudar o cenário, o candidato do PT declarou nesta quinta-feira (15) que ter Kassab no palanque é pior do que enfrentar o tucano José Serra. Em entrevista à rádio CBN, Haddad disse que a gestão de Gilberto Kassab é mal avaliada pela população, que já percebeu que “se anuncia muito e se entrega pouco”. O ex-ministro abusou da bazófia e disse que “a administração atual é um fardozinho de se carregar”.

Por viver em uma democracia Haddad tem o sacro direito de externar pensamentos e opiniões, mas falar em “anunciar e não entregar” é algo que deveria estar longe do discurso do candidato petista. É fato que a aprovação de Kassab não é das melhores (por volta de 20%), assunto que foi largamente noticiado pelo ucho.info, mas o governo de seu padrinho político, Lula da Silva, não foi diferente. Apenas como exemplo, Lula, para turbinar a candidatura de Dilma Rousseff, criou o programa “Minha Casa, Minha Vida” e anunciou a entrega de 1 milhão de imóveis em doze meses, o que nem de longe aconteceu.

Fernando Haddad pode continuar almejando a prefeitura paulistana, mas é melhor mudar o discurso se quiser chegar a algum lugar. Em São Paulo o índice de rejeição ao PT é alto e a maioria do eleitorado tem o hábito sadio de pensar.

Por outro lado, analisando a política pela ótica federal, a última coisa que a presidente Dilma Rousseff é ter o PSD, partido de Kassab, jogando contra os interesses do Palácio do Planalto no Congresso Nacional. É verdade que o partido é novo, mas qualquer voto contra a essa altura dos acontecimentos pode causar estragos. Em outras palavras, se Haddad espera que a máquina federal lhe seja disponibilizada, o melhor é moderar a fala.