Relatório confirma caos nos aeroportos brasileiros e endossa crítica do secretário-geral da FIFA

Marcha lenta – Quando o secretário-geral da FIFA, Jérôme Valcke, externou sua preocupação com o caos que reina nos aeroportos brasileiros, o então presidente Luiz Inácio da Silva se irritou e chamou o executivo de “idiota”. Há dias, depois de afirmar que o Brasil precisava de um “chute no traseiro” para cumprir o cronograma das obras da Copa, Valcke se transformou em alvo constante das maledicências palacianas. Foi, inclusive, chamado de “vagabundo” pelo boquirroto Marco Aurélio Garcia, assessor especial da Presidência da República.

Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPea) aponta que dezessete dos vinte principais aeroportos brasileiros estão em situação “crítica” ou “preocupante” por conta do conhecido excesso de passageiros. Para piorar, doze aeroportos operam acima do limite da capacidade, algo que o ucho.info vem alertando há muito tempo. De acordo com o Ipea, apenas os aeroportos de Porto Alegre, Salvador e Manaus funcionam em condições “adequadas”.

“O crescimento da demanda foi muito significativo nos últimos nove anos, e a estrutura dos terminais aeroportuários pouco se alterou, provocando estrangulamento em 17 dos 20 maiores aeroportos”, apontou o relatório.

Após a crítica de Valcke, o gazeteiro Lula prometeu investimentos de $ 5 bilhões em obras de ampliação e reforma dos principais aeroportos, mas a promessa não saiu do lugar, a ponto de o governo federal se ver obrigado a privatizar três deles (Guarulhos, Viracopos e Brasília), por não saber o que fazer para solucionar o problema. Contrariando as palavras do ex-metalúrgico, o estudo do Ipea destaca que os investimentos nos aeroportos do país foram pífios, o que explica o fato de os terminais atenderem um número de passageiros muito acima da capacidade.

Realizada em janeiro passado, a pesquisa cita como exemplo o aeroporto internacional de São Paulo, em Guarulhos, o maior do país, que tem capacidade para atender anualmente 24,9 milhões de passageiros, mas em 2011 recebeu 30 milhões, o que representa 21% acima da capacidade total.

O mesmo ocorre no aeroporto de Congonhas, na capital paulista. No ano passado, o terminal localizado na Zona Sul da cidade de São Paulo recebeu 16,8 milhões de passageiros, quatro milhões além da capacidade, o que configura taxa de ocupação de 141 %.

A preocupação com o setor aumenta com a proximidade da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, eventos que provocarão aumento significativo do número de passageiros circulando nos aeroportos, cujas reformas ainda engatinham na maioria deles, apontou o Ipea, que questiona o fato de apenas 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB) ter sido destinado ao setor de transportes.