Dilma quer mudar à força a relação com o Congresso, cujas negociatas prosperaram com o apoio de Lula

Fazendo pose – Bastou a crise entre a base aliada e o Palácio do Planalto ultrapassar as fronteiras do Congresso Nacional para que surgissem inesperados defensores de Dilma Rousseff, que, na opinião desses, está correta ao tentar mudar à força a relação com o parlamento.

Se por um lado o erro maior está na forma da mudança, por outro é importante destacar que política, em qualquer lugar do mundo, não se faz a fórceps, nem mesmo nas ditaduras modernas,que utilizam a contrapartida para manter parlamentos amestrados. Esses repentinos aduladores de Dilma agora condenam os que acusam a presidente de carecer de “jogo de cintura”, mas governar é a arte de conciliar as contrariedades. E para isso é preciso o tal “jogo de cintura”.

Nessa queda de braços que não deve terminar tão cedo faz-se necessário levar em conta três pontos, antes que a claque dilmista domine a cena, o que facilitaria a instalação de um regime totalitarista em tempo recorde. O primeiro deles remonta à era de Luiz Inácio da Silva, que criou esse escambo criminoso com o parlamento para substituir o escândalo de corrupção que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”, o maior de toda a história política nacional.

O segundo ponto refere-se a Dilma Rousseff, que enquanto chefe da Casa Civil no governo do companheiro Lula não apenas silenciou diante da via de mão dupla “Planalto-Congresso”, como endossou a prática que garantiu ao governo do ex-metalúrgico a aprovação de um sem fim de matérias na Câmara e no Senado.

O terceiro quesito também tem relação com Dilma, pois sua vitória na eleição presidencial de 2010 foi construída a partir dessa relação espúria entre o Executivo e o Legislativo. E a presidente não tem o direito de imaginar que da noite para o dia, apenas porque um dos seus apaniguados foi barrado pelo Congresso, a relação será implodida como se jamais tivesse existido.

Mudar a regra do jogo político é preciso, sim, mas essa mudança deve acontecer desde o ponto de partida, ou seja, no momento em que são costuradas as alianças que sustentam uma candidatura e eventualmente garantem a vitória nas urnas. Do contrário, essa prática lesiva à nação há de se perpetuar.