Vale tudo – A complacência com que a sociedade contempla os escândalos do governo federal pode ser classificada como desanimadora. No PT, desde a chegada de Lula ao poder central, dinheiro vivo passou a ser algo normal.
Para não avançar muito na seara das transgressões, recordemos alguns episódios em que o dinheiro vivo e sonante falou mais alto. O primeiro episódio importante foi o escândalo que ficou conhecido como “Mensalão do PT”. Os envolvidos no esquema de cooptação de parlamentares recebiam dinheiro na boca do caixa e o assunto ficava por isso mesmo. Dinheiro vivo circulou para cima e para baixo, mas sob o manto do PT se trata de algo legal.
Na sequência, em 2005, surgiu o imbróglio dos dólares na cueca, protagonizado por um assessor do petista José Nobre Guimarães, irmão do mensaleiro José Genoíno. Depois foi a vez do Dossiê Cuiabá. A Polícia Federal apreendeu, em 2006, R$ 1,7 milhão em dinheiro vivo com emissários petistas, incumbidos de comprar um conjunto de documentos apócrifos contra candidatos tucanos. Desde então, ninguém reclamou a propriedade dessa dinheirama.
Recentemente, o então presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, foi acusado de ter cobrado R$ 25 milhões, a título de propina, de fornecedores, o dinheiro acabou em contas bancárias no exterior, mas Guido Mantega, ministro da Fazenda, se nega a falar do assunto, que foi devidamente abafado pelo Palácio do Planalto.
Em setembro de 2010, o presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, usou R$ 150 mil em espécie para comprar um apartamento no interior de São Paulo. Há dias surgiu um novo escândalo envolvendo dinheiro sonante. Desafeto de Bendine, o presidente da Previ, Ricardo Flores, também usou dinheiro em espécie, R$ 190 mil, para comprar uma casa em Brasília, em 2010. Flores alegou os R$ 190 mil são provenientes de empréstimo contraído junto a um conhecido empresário de bares e restaurantes da capital federal. Procurado, o empresário Jorge Ferreira, que tem trânsito livre no PT, negou ter emprestado dinheiro ao presidente da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ).
Mesmo assim, os brasileiros assistem a tudo como se esse tipo de situação, que ganhou força e espaço com a chegada de Lula ao poder central, fosse absolutamente normal.