Fogo amigo – Mesmo depois da saída de Ricardo Teixeira do comando da CBF, a entidade máxima do futebol brasileiro continua vivendo dias de incertezas e polêmicas. Enquanto alguns cartolas lutam para chegar ao poder, o presidente José Maria Marin continua fazendo o que sabe. Articulando nos bastidores, algo que aprendeu enquanto esteve no universo político.
Se Marin por enquanto saiu da alça de mira, a bola da vez é o técnico Luiz Antônio Venker Menezes, o “Mano”, que nos últimos dias vem sendo alvo de críticas de Andrés Sanchez, ex-presidente do Corinthians e atual diretor de seleções da CBF. Andrés, que reforça o coro dos descontentes com a seleção brasileira, declarou que espera mais da equipe e do técnico. Em entrevista ao jornal Extra, do Rio de Janeiro, Andrés Sanchez afirmou: “No momento, a seleção brasileira não agrada a ninguém”.
De acordo com o diretor de seleções, nem mesmo o técnico está contente com o aproveitamento do seu trabalho. Na opinião de Sanchez, Mano será avaliado dia após dia. “Infelizmente, o futebol no Brasil vive de resultados. Hoje, dão uma valorização ao treinador fora do normal, como se ele fosse a salvação do mundo. O Mano erra e acerta como todas as pessoas. Ele sabe, todos nós sabemos, que é preciso fazer uma boa Olimpíada. Ganhar? Infelizmente, num detalhe você pode perder um campeonato. Mas tem de fazer uma coisa muito melhor do que o que foi feito até agora”, declarou o cartola.
Em relação às cobranças a Mano Menezes é preciso considerar alguns pontos. O primeiro deles é que ao técnico da seleção brasileira não é dada a oportunidade treinar a equipe como se deveria. Os convocados são quase sempre jogadores experientes, mas entrosamento é algo que se consegue com o tempo, inclusive quando há na equipe atletas muito acima da média. Tome-se como exemplo Lionel Messi, o melhor jogador do planeta. No Barcelona, Messi esbanja talento porque tem a companhia de outros dez atletas com quem está acostumado a treinar e jogar. Sem contar que o sistema de jogo do Barça é o mesmo há décadas. Na seleção de seu país, a Argentina, Messi não consegue repetir o mesmo espetáculo, pois lhe falta entrosamento com seus conterrâneos. A seleção espanhola, campeã mundial na África do Sul, é outro exemplo de entrosamento, pois os convocados são em sua extensa maioria jogadores do Barcelona e do Real Madrid. E nessa situação um eventual fracasso tem menos chances de acontecer.
Outro ponto a ser considerado é a ingerência de terceiros na convocação dos jogadores da seleção brasileira. Negócio milionário, o futebol tem nos bastidores centenas de pessoas que tentam defender seus interesses e ricos tostões. É preciso saber até que ponto as convocações para a seleção brasileira sofrem esse tipo de interferência. Um exemplo disso está na pré-lista de convocados para os Jogos Olímpicos de Londres. Mano Menezes chamou Ronaldinho Gaúcho e Neymar. No último domingo (18), após a partida entre São Paulo e Santos, válida pelo Campeonato Paulista, Mano se mostrou preocupado com os compromissos extra-campo do craque santista. Disse o técnico da seleção que basta acessar algumas páginas eletrônicas para ver inúmeras fotos de Neymar em eventos dos mais diversos. No contraponto, o mesmo Mano se cala diante do comportamento de Ronaldinho Gaúcho, que não aparece para treinar no Flamengo, mas à noite é flagrado ao lado do polêmico Adriano em baladas.
Quem conhece as coxias do futebol sabe que o esporte mais popular do planeta precisa ser reinventado, começando da estaca zero. Do contrário será uma eterna seara de discórdias, polêmicas e decepções.