Caso pensado – Preocupado com a possibilidade de não participar da eleição presidencial deste ano, na Venezuela, o tiranete Hugo Chávez continua tratando com desdém o tratamento contra um câncer na região pélvica, que o obrigou a duas cirurgias em menos de doze meses. Como se tivesse ido a uma cachaçaria da esquina, Chávez disse, por telefone, que as sessões de radioterapia a que se submete em Havana estão transcorrendo com tranquilidade.
Chávez voltou a Cuba um mês após ser submetido a nova cirurgia para retirar um tumor maligno na região pélvica. Recebido no último sábado (24) pelo ditador Raúl Castro, o presidente venezuelano enfrentou a primeira sessão de radioterapia no mesmo dia. “à noite em Havana e à noite mesmo me aplicaram a primeira sessão de radioterapia, por sorte sem nenhum tipo de problema”, disse Hugo Chávez por telefone ao vice-presidente Elías Jaua.
A última sessão de radioterapia deve ocorrer na noite da próxima quarta-feira (28), quando o revolucionário bolivariano retornará a Caracas. “Assim é a radioterapia, para os que não sabem. São cinco sessões consecutivas e dois dias de descanso. Assim, estarei lá (em Caracas) na quinta-feira”, disse o inquilino do Palácio Miraflores.
NA conversa com o vice Elías Jaua, transmitida ao vivo pela televisão venezuelana, Chávez disse que o tratamento contra o câncer faz parte de suas atribuições. “É parte do meu trabalho, portanto, assumir com rigor essa tarefa de lutar para vencer dificuldades, seguir vivendo e triunfando. E preparado para a grande batalha de 7 de outubro”, completou, referindo-se à eleição presidencial deste ano.
O estado de saúde de Hugo Chávez suscita dúvidas sobre sua condição física para enfrentar uma campanha difícil contra o adversário Henrique Capriles Radonski. Ao tentar um terceiro mandato, Chávez corre o sério risco de ser derrotado.
O início das sessões de radioterapia não foi agendado por acaso. Chávez estará em Havana no mesmo período da visita do papa Bento XVI à ilha caribenha. E não causará surpresa se o tiranete sul-americano conseguir uma reunião reservada com o chefe da Igreja Católica. O eventual encontro seria explorado politicamente na campanha presidencial, uma vez que Chávez já abusou do jogo rasteiro ao afirmar que seu adversário é de origem judaica. Resta saber se os assessores papais cairão na esparrela do ditador venezuelano.