FHC faz visita inesperada a Lula, que deixou de lado os ataques rasteiros ao PSDB e posou de bom moço

(Foto: Ricardo Stuckert - Instituto Lula)
Jogo de cena – Definitivamente a política é a arte do descaramento. Na segunda-feira (26), o ex-presidente Luiz Inácio da Silva e o presidente do PT, Rui Falcão, resolveram comentar a escolha do PSDB, que um dia antes decidiu que José Serra é o pré-candidato da legenda para disputar a prefeitura da capital paulista. Lula e Rui Falcão tomaram por base os 52,1% de votos que o ex-governador recebeu dos filiados ao partido, o que mostra que o PSDB está internamente rachado, o que não significa que irá dividido para a disputa.

Lula aproveitou a ocasião para dizer que o índice de rejeição de José Serra é elevado entre os eleitores paulistanos. Lula e sua trupe podem dizer o que bem entender, pois assim funciona a democracia e garante a Constituição Federal. O que não se pode aceitar é que o ex-presidente abuse do ridículo apenas e tão somente para desempacar o candidato petista Fernando Haddad.

Se o PSDB chegou às prévias com três pré-candidatos, como de fato aconteceu, isso mostra que o partido respeitou a vontade dos correligionários, o que não aconteceu no Partido dos Trabalhadores, que foi obrigado a aceitar a imposição de Lula, que enfiou goela abaixo o ex-ministro da Educação como candidato.

Enquanto Lula e Rui Falcão destilavam veneno na direção do PSDB, o também ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se preparava para visitar o sucessor no Hospital Sírio-Libanês, onde o petista passa por sessões de fonoaudiologia, parte do tratamento contra um câncer na laringe. Durante o encontro, entre sorrisos, Lula e FHC nem de longe falaram sobre a sucessão paulistana. Que ambos são adversários políticos todos sabem, mas o que Lula faz é guerrilha de boteco, algo que aprendeu durante os parcos anos em que pisou no chão de uma fábrica.

A atitude de FHC mostra o tipo de campanha que o PSDB empreenderá rumo à prefeitura da maior cidade brasileira. No caso de Lula, o bom-mocismo repentino que ocupou os corredores do hospital serve para esconder o jogo rasteiro que marcará a campanha de Fernando Haddad, pois nas últimas décadas o único político que conseguiu fazer governador um candidato com míseros 3% de intenção de voto (nesse caso Luiz Antonio Fleury Filho) foi Orestes Quércia, que já morreu.

FHC não chegou à Presidência da República porque é inexperiente e desarticulado politicamente. Sua ida ao Hospital Sírio-Libanês foi uma resposta rápida e bem dada à dramatização que Fernando Haddad fez da recuperação de Lula. O candidato petista, dias atrás, disse que a melhora de Lula não interessava aos adversários. Considerando uma colocação sórdida como a de Haddad, não é difícil imaginar o que deve ter acontecido no Ministério da Educação.

José Serra que se prepare, pois a onda de denuncismo que aflorou na campanha de 2010 deve se repetir em breve, pois o desespero do PT em relação a Haddad é cada vez mais evidente. Para não ser responsabilizado pela derrota de seu pupilo, Lula se valerá de artifícios baixos e covardes. Sempre lembrando que em 2004 o PT tentou diversas vezes, mas sem sucesso algum, encomendar um dossiê contra Serra.