Cartão vermelho – Depois da manifestação de diversos parlamentares e da indignação da sociedade, o procurador geral da República, Roberto Gurgel, anunciou na noite de terça-feira (27) que enviou ao Supremo Tribunal Federal pedido para a abertura de inquérito contra o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e os deputados federais Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO).
Os parlamentares foram citados em relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que prendeu o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de chefiar esquema ilegal de jogos em Goiás. Nas gravações telefônicas, os policiais detectaram provas do envolvimento de Demóstenes com o empresário da jogatina ilegal. Em um dos telefonemas, o senador goiano pede a Cachoeira que pague uma conta sua referente ao fretamento de aeronave no valor de R$ 3 mil.
Roberto Gurgel afirmou que a definição sobre a abertura de inquérito veio após a análise de dez meses de interceptações telefônicas feitas pela Polícia Federal. “Considerei [as gravações] graves o suficiente para que houvesse o pedido de instauração de inquérito. É um volume muito grande de interceptações telefônicas e de um período bastante longo”, declarou o procurador.
No pedido enviado ao STF, Gurgel solicitou que a investigação seja desmembrada em três inquéritos. Um para apurar possível envolvimento de Demóstenes com Carlinhos Cachoeira e com atividades ilegais ligadas ao jogo. O segundo inquérito será específico para os outros parlamentares flagrados pela PF. O terceiro será dedicado às demais pessoas envolvidas no caso e que não gozam do benefício do foro privilegiado, o que obriga a remessa do processo à primeira instância da Justiça.
Pressão por renúncia
No Senado a situação de Demóstenes Torres torna-se mais difícil a cada hora. Após a Procuradoria Geral da República confirmar o pedido de abertura de inquérito no Supremo, o líder do PSOL no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), defendeu a renúncia de Demóstenes ao cargo. “Claramente, me parece que não tem mais condições para o senador Demóstenes aqui no âmbito do Senado Federal. Eu, se fosse o senador Demóstenes, acho que a única alternativa que restaria neste momento seria a renúncia”, disse Rodrigues.
O líder do PSol afirmou que na manhã desta quarta-feira (28) o partido ingressará com uma representação no Conselho de Ética do Senado contra o parlamentar goiano por quebra de decoro parlamentar. “Diante da decisão do procurador, torna-se inevitável uma representação por quebra de decoro parlamentar”, afirmou Randolfe Rodrigues.
É importante destacar que o Conselho de Ética do Senado é presidido, interinamente, pelo senador Jaime Campos, do Democratas de Mato Grosso.
Na tarde de terça-feira, Demóstenes Torres pediu afastamento da liderança do Democratas no Senado, cargo que passou ao presidente nacional da legenda, o potiguar José Agripino Maia, que não descarta a possibilidade de o senador goiano ser expulso.
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