PCdoB ignora escândalos dos camaradas e lança campanha ufanista pelos 90 anos da legenda

Face lenhosa – A política é um oceano de incoerências. Para comemorar os noventa anos de existência, o Partido Comunista do Brasil vem ocupando as emissoras de rádio e televisão com uma campanha comemorativa que traz como assinatura a seguinte frase: “PCdoB, 90 anos. O socialismo com a cara do Brasil”. Se levarmos em consideração alguns episódios envolvendo integrantes do partido, definitivamente o Brasil não tem a cara sugerida pelo PCdoB.

Em uma das peças publicitárias, a locutora diz que ser socialista é ser ético. Pois bem, ex-ministro do Esporte, o baiano Orlando Silva Júnior não é tão ético quanto prega a campanha do PCdoB. Ministro de Lula, Orlando Silva usou o cartão de crédito corporativo da Presidência da República para pagar uma tapioca, no valor de R$ 8,00, e as despesas de hospedagem da família em um luxuoso hotel do Rio de Janeiro. O então ministro devolveu o montante gasto indevidamente aos cofres da União, mas a falta de ética continuou existindo.

O mesmo Orlando Silva, que continuou à frente da pasta do Esporte a convite de Dilma Rousseff, foi acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro público para abastecer o caixa do PCdoB. Depois de o Supremo Tribunal Federal abrir inquérito para apurar sua participação no esquema, Orlando Silva entregou o cargo.

No rastro do escândalo no Esporte, o PCdoB passou a defender a regulação da mídia e a democratização dos meios de comunicação. Tudo porque o partido entendeu que as denúncias contra Orlando Silva foram caluniosas. Mesmo acreditando nisso, o PCdoB entregou a cabeça do ministro e ameaçou revelar os podres do PT na pasta, estratégia que redeu ao partido o direito de indicar novo ministro.

No período em que se recuperava do escândalo no Ministério do Esporte, o PCdoB publicou em sua página eletrônica artigo a favor do outrora ditador da Líbia, o sanguinário Muamar Kadhafi. “Independentemente do julgamento futuro da História, Muamar Kadhafi será pelo tempo afora recordado como um herói pelos líbios que amam a independência e a liberdade”, destacava o texto. Ao tomar conhecimento do conteúdo do artigo, o presidente do partido, Renato Rabelo, rechaçou o apoio a Kadhafi e desautorizou qualquer filiado ao PCdoB a falar em nome da legenda sobre o tema.

Coube ao PCdoB, atendendo a pedido de Luiz Inácio da Silva, sepultar a CPI das Ongs, proposta pelo então senador Heráclito Fortes (DEM-PI). Senador pelo PCdoB do Ceará, Inácio Arruda foi escolhido relator da tal CPI. O relatório de Arruda foi o pior e mais pífio documento produzido no Senado Federal, operação para evitar que escândalos envolvendo Ongs fosse descobertos.

Em outra peça publicitária, o PCdoB exalta ilustres integrantes do partido como Cândido Portinari, Oscar Niemeyer e Olga Benário Prestes. A homenagem perde a essência quando resgata-se o escândalo envolvendo o vereador paulistano Netinho de Paula, acusado em passado recente de agredir fisicamente, com violência, a sua ex-mulher. Netinho, que postula o direito de concorrer à prefeitura paulistana, agrediu um integrante do humorístico “Pânico na TV”.

Em 2010, o Instituto Casa da Gente, ONG fundada por Netinho de Paula, devia aos cofres da União mais de R$ 790 mil por inadimplência em convênios firmados com o governo federal, a partir de 2003.

Assessora do vereador Netinho de Paula na Câmara Municipal, Veruska Ticiana Franklin de Carvalho comandava, em 2004, a Federação das Associações Comunitárias de São Paulo (Facesp), entidade que recebeu R$ 1,6 milhão do Programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, para criar 125 núcleos esportivos nas cidades paulistas de Americana, Campinas, Mauá e Osasco. O projeto tinha como objetivo beneficiar 12.500 crianças, jovens e adolescentes. Como não conseguiu descobrir o paradeiro do dinheiro, o Ministério do abriu procedimento para cobrar o ressarcimento de R$ 3,5 milhões (valor atualizado à época) por falta de execução do projeto.

Para quem tem memória curta ou desconhece a história, a campanha do PCdoB chega a convencer. Aos que acompanham o cotidiano da política nacional há anos, a criação publicitária encomendada pelo PCdoB é no mínimo um acinte.