Curto-circuito – O Partido dos Trabalhadores continua batendo cabeças em relação a determinados temas. Na tarde de segunda-feira (2), com o plenário da Câmara dos Deputados praticamente vazio, os petistas Luiz Couto (PB) e Erika Kokay (DF) destacaram em seus respectivos discursos a instalação, nesta terça-feira (3), da CPI que investigará o turismo sexual no País e as redes de pedofilia. Trata-se de um assunto da maior gravidade, cujos responsáveis devem enfrentar as garras da lei sem direito a qualquer tipo de benefício.
Se por um lado Couto e Kokay debruçam suas esperanças sobre a CPI, por outro o relator da Lei Geral da Copa, o também petista Vicente Cândido, deputado federal por São Paulo, simplesmente ignorou uma proposta de incluir como tema do Mundial de 2014 “o mundo livre da pobreza, da desigualdade e da violência contra a criança”. E quando o assunto é violência contra crianças a pedofilia tem lugar garantido.
Pressionado por alguns aliados do Palácio do Planalto, Vicente Cândido não apenas incluiu o tema “por um mundo sem armas, sem drogas”, como ameaçou a pessoa que apresentou a proposta alternativa. “Se a senhora continuar atacando o nosso tema, a senhora vai se complicar aqui dentro”, teria dito o relator da Lei Geral da Copa à autora da proposta.
No que tange a um mundo sem armas, a campanha do desarmamento no Brasil ainda divide opiniões. Com o Estado, como um todo, exaltando cada vez mais sua incompetência na segurança pública, o cidadão clama pelo direito de ter uma arma de fogo. Além disso, o temor de o Brasil ser alvo de uma ditadura civil desperta na massa pensante o desejo de armar-se como forma de reagir a um regime totalitarista.
No cômputo geral, o mais estranho é um parlamentar, nesse caso o petista Vicente Cândido, perder a chance de aproveitar um evento da repercussão da Copa do Mundo para intensificar o combate à pedofilia. Enfim, esses doutos representantes do povo são, em sua maioria, herdeiros de Aladim, o folclórico gênio da lâmpada.