Prevalecendo a lei, provas contra Demóstenes Torres devem ser anuladas pelo Supremo

Trilha conhecida – A novela envolvendo o senador Demóstenes Torres (sem partido – GO) deve se arrastar por alguns meses, contrariando o desejo de muitos parlamentares, que sonham em ver o fim das denúncias publicadas na imprensa.

Antonio Carlos de Almeida Castro, advogado de Demóstenes, afirmou na terça-feira (3) que na próxima semana ingressará com recurso no Supremo Tribunal Federal solicitando a anulação das investigações feitas pela Polícia Federal contra o seu cliente. Na opinião de Kakay, como é conhecido o advogado nos meios jurídicos da capital federal, o foro privilegiado a que Demóstenes tem direito foi ignorado quando a Justiça Federal de primeira instância deixou de encaminhar ao Supremo os supostos indícios de envolvimento do parlamentar com o empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo sob a acusação de comandar uma rede de jogos ilegais.

“Estou muito impressionado. Nunca vi nada evidente. É uma coisa escandalosa. Havia uma investigação clara e precisa contra o senador e deputados numa tentativa escancarada de se burlar o foro por prerrogativa de função”, disse o advogado.

As gravações não deixam dúvidas do envolvimento de Demóstenes com Cachoeira, mas a tendência é que a Corte acolha sem muita discussão o pedido de Almeida Castro, pois é assim que determina a Constituição Federal. Quando a Polícia Federal interceptou as conversas do senador Demóstenes Torres com Carlinhos Cachoeira, a lógica legal era pedir autorização ao STF, sob pena de todo o trabalho ser considerado nulo, o que pode acontecer em breve. Situação idêntica ocorreu durante a Operação Satiagraha, também da PF, que seria a grande chance de colocar na cadeira um dos mais inimigos do Brasil, não fosse o desrespeito aos limites investigatórios que acabou provocando a anulação das provas obtidas.

Não se trata de defender Demóstenes Torres das acusações, liberadas a alguns veículos da imprensa nacional em doses pequenas e consecutivas, mas de esperar que a lei seja cumprida de maneira fiel, pois do contrário a democracia estará correndo um sério perigo. Da forma como a investigação foi conduzida, a PF deu mostras que é uma polícia de governo, não de Estado.

Mesmo que o advogado logre êxito no pedido de anulação das provas, que como destacamos acima é bem provável, a carreira política de Demóstenes Torres está liquidada. Fora isso, o senador goiano não deveria seguir solitário para o patíbulo da opinião pública, pois política, como se sabe, é negócio lucrativo e não são poucos os que agem de maneira idêntica. O problema de Demóstenes foi acreditar na impunidade e ter como interlocutor um bicheiro. De resto, apenas segui a cartilha que impera nos subterrâneos da política.