Maré alta – Petistas são magnânimos, oráculos do Senhor, donos da verdade absoluta, descobridores da melhor forma de governar. Traduzindo para um linguajar mais compreensível, dez entre dez petistas aparecem na árvore genealógica de Aladim, aquele folclórico frequentador das fábulas que jamais se separava de sua Lâmpada Maravilhosa. Ao tentar impor sua revolução cultural como a fórmula mágica do sucesso político, o PT ignora casos de corrupção protagonizados por integrantes do partido, como se vilipendiar os cofres oficiais fosse um ato necessário e perdoável, desde que a roubalheira beneficie “companheiros”. É aquela velha história do fim justificando os meios.
Enquanto a imprensa chapa-branca abre cada vez mais espaço para o escândalo envolvendo Carlos Augusto Ramos, o bicheiro Carlinhos Cachoeira, e alguns parlamentares, o caso das desnecessárias lanchas compradas pelo Ministério da Pesca, que garantiram alguns trocados para a campanha de Ideli Salvatti ao governo de Santa Catarina, avança na direção da vala do esquecimento. Isso porque ao PT interessa ver os adversários na fogueira e o Palácio do Planalto deseja passar longe da linha de tiro. Em um país minimamente sério e com parcas doses de responsabilidade, Ideli já estaria demitida.
Como sempre aconteceu na era de Luiz Inácio da Silva, o período mais corrupto da história política nacional, os escândalos patrocinados por “companheiros” de destaque sempre acabam creditados a estafetas de menor patente. É o caso de Karim Bacha, então secretário de planejamento do Ministério da Pesca, que surgiu repentinamente no noticiário verde-louro para assumir a responsabilidade pela compra das tais lanchas e por ter pedido ao dono da Intech Boating uma doação (sic) no valor de R$ 150 mil para o PT de Santa Catarina, cuja estrela máxima é a atual ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Questionada sobre a compra das tais lanchas, que foi classificada como “malfeito” pelo ex-ministro Luiz Sérgio (PT-RJ), a escorregadia Ideli disse que nada tem a ver com o assunto. Repetindo o que ocorreu durante os oito anos do governo Lula, período em que o presidente jamais soube das barbaridades cometidas por assessores, a presidente Dilma Rousseff, que se especializou em abafar escândalos de corrupção, simplesmente ignorou o assunto. E cumprindo ordens da cúpula petista aceitou calada a tese de que Karim Bacha é o “aloprado” da vez.