Sob nova direção – Sem que nenhum senador aceitasse a incumbência de presidir o Conselho de Ética do Senado, o sergipano Antonio Carlos Valadares (PSB) assumiu interinamente o comando do colegiado e julgou procedente a abertura de investigações para apurar o envolvimento do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) com o empresário da jogatina Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, sob a acusação de comandar um esquema de jogos ilegais.
Valadares só tomou a decisão de aceitar o requerimento apresentado pelo PSol após consultar o plenário do conselho, que julgou regimental a iniciativa, uma vez que o PMDB ainda não indicou um titular para o cargo de presidente do conselho. Antonio Carlos Valadares, que integra a base aliada, assumiu interinamente o cargo por ser o senador mais velho entre os integrantes do conselho, atendendo ao que determina o Regimento Interno do Senado.
A chance de Demóstenes Torres perder o mandato de senador é real, mas será preciso que o Conselho reúna provas para pedir a cassação, pois o conjunto probatório que recheia os autos da Operação Monte Carlo só será liberado pelo Supremo Tribunal Federal mediante a criação de uma CPI para investigar o caso.
Para dificultar o trabalho do Conselho de Ética, o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, responsável pela defesa de Demóstenes Torres, já requereu a anulação das provas, uma vez que as mesmas foram obtidas sem autorização do STF. Por mais que a sociedade proteste, a legislação vigente prevê tal procedimento no artigo que trata do foro privilegiado. No caso de as provas serem anuladas, como quer o advogado de defesa, estar-se-á cumprindo o que determina a lei.
O ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, alega que as provas são legais, mas a Polícia Federal, ao se deparar com Demóstenes na condição de interlocutor de Carlinhos Cachoeira, deveria ter recorrido ao Supremo para continuar as investigações.
A eventual criação de uma CPI servirá para dois fins específicos: fazer os partidos de oposição sangrarem politicamente até as eleições municipais e criar uma cortina de fumaça diante do julgamento do escândalo que ficou nacionalmente conhecido como “Mensalão do PT”. Até porque, em política não existem inocentes e muito menos coincidências.