Pano quente – Demorou, mas aconteceu. A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República divulgou nota nesta quinta-feira (26) para informa que “em momento algum” a presidente Dilma Rousseff conversou com seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a CPI do Cachoeira durante o encontro de quatro horas que teve lugar no Palácio da Alvorada, na quarta-feira, com a presença dos ministros Aloizio Mercadante (Educação), Guido Mantega (Fazenda), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), além do jornalista Franklin Martins, ex-ministro da Comunicação Social.
A Comissão, criada para investigar os tentáculos do contraventor goiano, preso desde 29 de fevereiro, e da Delta Construções, foi instalada nesta semana no Congresso Nacional, com a anuência de Dilma e Lula, conforme declarações de líderes partidários na Câmara dos Deputados. Horas antes de embarcar para Cartagena das Índias, na Colômbia, no último dia 13, Dilma reuniu-se com Lula em São Paulo para tratar do tema.
A decisão da Presidência de tentar explicar o inexplicável coloca mais luzes sobre um assunto que tem tirado o sono de muitos petistas cinco estrelas, alguns deles temendo que seus respectivos nomes venham à tona no rastro das investigações que culminaram com a Operação Monte Carlo, da Política Federal.
Considerando a possibilidade de o conteúdo divulgado pelo Palácio do Planalto ser procedente, o fato de Lula ter participado de reunião com a presidente e seus assessores mostra a inoperância de um governo que continua sem mostrar a que veio. A grande questão relacionada à CPI do Cachoeira, que atormenta os petistas, é o espectro das investigações, que se alargado pode atingir inclusive o ex-metalúrgico Lula, pois em seus dois governos a Delta teve crescimento inexplicavelmente meteórico.
Em outro ponto do imbróglio está o ex-ministro e deputado cassado José Dirceu, que foi contratado como consultor pela Delta Construções. E não foi por acaso que o deputado federal Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, foi indicado para a relatoria da CPI. Cunha, como já noticiado largamente, é homem de confiança do ex-chefe da Casa Civil.
Para fechar o polígono da confusão aparece Luiz Anônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit, apeado do cargo em meio a denúncias de corrupção. Caixa da campanha de Dilma Rousseff em 2010, Pagot já deu mostras incontestáveis de que quer falar o que sabe. E se isso de fato acontecer, a República virá abaixo, pois há um vídeo na cinemateca de Carlinhos Cachoeira com imagens de um integrante da campanha presidencial petista recebendo dinheiro vivo.
Confira abaixo a íntegra da nota
“Nota à Imprensa
Em momento algum, o tema “Comissão Parlamentar Mista de Inquérito” foi objeto das conversas ocorridas na última quarta-feira em encontro da Presidenta Dilma Rousseff com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A presidenta lamenta as versões em contrário divulgadas por veículos de imprensa.
Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República”