Caminho errado – A presidente Dilma Rousseff só solucionou o impasse no Ministério do Trabalho por sugestão do antecessor, o ex-metalúrgico Luiz Inácio da Silva, pois a ideia do PT era não chegar ao feriado do Dia do Trabalhador com a pasta oficiosamente acéfala. Reduto do PDT, o ministério estava nas mãos de um interino desde que Carlos Lupi, presidente nacional da legenda, foi apeado do cargo no vácuo de escândalo envolvendo ONGs.
Chamado ao Palácio do Planalto na segunda-feira (30) para uma reunião com a presidente da República, Lupi chegou ao encontro disposto a emplacar um dos dois nomes que levava no bolso: Vieira da Cunha, deputado federal pelo Rio Grande do Sul, e Manoel Dias, secretário-geral do partido. Contrariado, Carlos Lupi foi obrigado aceitar a escolha de Brizola Neto para o cargo.
A ideia de definir o comando do Ministério do Trabalho tinha por objetivo manter o PDT ainda mais inserido na base aliada, mas a imposição de Dilma acabou provocando um descontentamento geral na cúpula do partido e na bancada da legenda no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados. Brizola Neto, que não contava com a simpatia da extensa maioria dos pedetistas, afirmou que sua missão a partir de agora será a de unir o partido. Em outras palavras, antes de se dedicar aos assuntos da pasta, o novo ministro terá de apagar o incêndio pedetista.
Quando teve a vitória confirmada nas urnas da eleição de 2010, Dilma Rousseff afirmou que a escolha dos nomes para a equipe ministerial seria com base em critérios técnicos e de competência. Desde janeiro de 2011 até agora, o que se viu com largueza na Esplanada dos Ministérios foi fisiologismo barato e escambo desenfreado. Enfim, como disse certa vez o então presidente Lula, “nunca antes na história deste país”.