PPS se posiciona contra a mudança das regras da caderneta de poupança promovida pelo governo

Barreira oposicionista – A Executiva Nacional do PPS, reunida em Brasília, decidiu se posicionar contra a decisão do governo Dilma de mexer na caderneta de poupança por entender que havia alternativas e que a escolhida se choca com os interesses da classe trabalhadora. No governo Lula, o PPS se colocou contra mudanças na poupança e conseguiu que houvesse um recuo numa definição que já havia sido anunciada. O partido vai orientar a bancada a não oferecer emendas à medida provisória que trata das alterações.

“A poupança sempre foi do pequeno poupador, do assalariado, de alguém que não está especulando, mas que se resguarda para momentos de necessidade”, disse o presidente nacional do partido, deputado Roberto Freire (SP). Segundo ele, a caderneta não pode sofrer com medidas que diminuam seu rendimento, principalmente se a causa é a rolagem da dívida interna e os grandes fundos de investimentos responsáveis por esse mecanismo.

Desconfiança

Freire afirmou ainda que a poupança é usada para financiar a habitação e que, por essa limitação, não interessa muito ao setor financeiro. “Mas a nós, como partido de esquerda, cabe não apontar para secundar aquilo que diz o mercado financeiro, mas, ao contrário, desconfiar disso”. A escolha do governo não foi imparcial, observou. “Mexer na poupança é mais fácil do que mexer na dívida interna brasileira, atrelada aos fundos e financiando os bancos com ganhos abusivos”. O governo Dilma, acrescentou, está “rendido” a esses interesses.

Antes de mexer na poupança, o governo deve primeiro apontar uma maneira de conter seu endividamento interno, afirmou Freire. Ele questionou: “se é possível negociar usando os rendimentos da poupança, que estão na lei, por que não negociar a ampliação do perfil da dívida interna, trazendo para a economia uma capacidade de investimento maior, ao retirar recursos do pagamento do serviço da dívida, que está atrelado aos fundos?” E sugeriu, também, ao mesmo tempo incentivar a poupança como grande investimento, modificando sua utilização e deixando parte para ser usada na rolagem da dívida.

O presidente do PPS salientou que este é um momento no qual as opções por políticas de austeridades estão sendo colocadas em xeque nas eleições da Europa em crise. “Vitórias como a de François Hollande, na França, têm o caráter de mudar essa tônica, de discutir programas de desenvolvimento; incorreta está sendo a política dos países periféricos, todos eles com planos de austeridade”.

Crise

Na avaliação de Roberto Freire, o Brasil enfrentará uma crise “e não será pequena”. Para ele, o país “não tem mais gordura e está roendo o osso”. A Europa, analisa, não vai se recuperar rapidamente, nem a China vai deixar de desacelerar. “São os dois grandes mercados que garantem as exportações das matérias primas e das commodities brasileiras; foi essa a base fundamental do crescimento que a economia experimentou, mesmo medíocre”.