Acontece que a esquerda brasileira, hoje no poder, não quer ver seus atos de combate à ditadura expostos à opinião pública, porque muitos seriam desmascarados e comprometeria o projeto totalitarista de poder que está em marcha.
Há quem diga que a Comissão da Verdade é um ato que fará do Brasil um país mais moderno, mas o perfil de seus integrantes mostra o viés tendencioso que deve emoldurar as investigações. Entre os sete notáveis convidados para compor o colegiado está a advogada Rosa Maria Cardoso da Cunha, que defendeu a presidente Dilma nos tempos da ditadura. Como a estreia da tal Comissão se deu à sombra de um desentendimento sobre o que será investigado, só resta concluir que o governo busca patrocinar uma caça às bruxas.
A Comissão da Verdade, se depender do desejo tendencioso de alguns, investigará apenas os crimes de violação dos direitos humanos cometidos por agentes do Estado, ao contrário do que defende o ministro Gilson Dipp, do STJ, para quem a respectiva lei determina que todos os atos em questão sejam apurados.
Dilma Rousseff não precisava convidar sua ex-advogada para integrar a Comissão, mas considerando ser algo necessário e importante, o princípio da isonomia recomenda que um representante das Forças Armadas fizesse parte do grupo. O Brasil precisa ficar atento aos desdobramentos do trabalho da Comissão da Verdade, pois pode ser o primeiro passo para uma eventual mudança da Lei da Anistia. Não que sejamos contrários à punição de quem cometeu crimes durante o mais triste período da história brasileira, mas que o julgamento, se for o caso, não seja obra de um tribunal de exceção, pois assim estaríamos repetindo a era plúmbea.