Lupa na mão – A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito criada para investigar a teia de relacionamentos políticos e empresariais do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, aprovou nesta quinta-feira (17) requerimento apresentado pelo deputado federal Rubens Bueno (PPS-PR) para que a Polícia Federal detalhe a lista das 82 pessoas citadas na Operação Monte Carlo. O deputado paranaense pede que sejam explicitadas as circunstâncias da investigação e quais dos citados nas gravações e no inquérito têm ligação com a organização criminosa comandada pelo empresário da jogatina.
Dentre os citados nas conversas de Cachoeira estão a presidente Dilma Rousseff, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB), ministros do Supremo Tribunal Federal, parlamentares e governadores (Agnelo Queiroz, Antonio Anastasia, Beto Richa e Marconi Perillo), além de jornalistas e outras autoridades.
No total, a CPMI aprovou até agora dezoito requerimentos apresentados pelo PPS, de convocação de pessoas ligadas a Cachoeira e quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico de envolvidos com o grupo do contraventor.
A mobilização do PPS é absolutamente necessária, uma vez que a sociedade tem o direito de saber a verdade, mas o esforço pode dar em nada no que tange aos governadores, pois partidos da base aliada e da oposição teriam feito um acordo que pode esvaziar politicamente a CPI. Tudo porque os governadores Marconi Perillo (Goiás), Sérgio Cabral Filho (RJ) e Agnelo Queiroz (DF) precisam ser poupados. Diante da possibilidade de a Comissão aprovar a quebra do sigilo telefônico de Perillo, a oposição ameaçou retaliar apresentando requerimentos de convocação de Agnelo e Cabral Filho.
Essa negociação de bastidores revela, mais uma vez, que, exceto a CPI dos Correios, esses colegiados funcionam como vitrine político-eleitoral e agem à sombra do corporativismo, desrespeitando a opinião pública e passando por cima dos votos conquistados nas urnas por cada um dos parlamentares.