Dose dupla – A exemplo do que ocorreu por ocasião da crise financeira internacional de 2008, quando o então presidente Luiz Inácio da Silva anunciou a redução do IPI incidente sobre determinadas categorias de automóveis, como forma de estimular o consumo interno, Dilma Rousseff repete a dose, após ter anunciado que o Brasil está “300% preparado” para enfrentar os efeitos colaterais provocados pela turbulência econômica que sacode a zona do euro.
No começo da noite desta segunda-feira (21), o ministro Guido Mantega, da Fazenda, anunciou um pacote de medidas para estimular o crédito no País. Entre elas, a redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) para compra de automóveis novos e a diminuição do Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) para todas as operações de crédito de pessoas físicas, de 2,5% para 1,5% ao ano. A redução do IPI vale até 31 de agosto, enquanto a do IOF não tem prazo definido.
“Estamos diante do agravamento da crise financeira internacional. E isto está trazendo problemas para os emergentes como um todo. Exige esforços redobrados para manter a taxa de crescimento em um patamar razoável (…) O governo tem de tomar medidas de estímulo para combater as consequências dos problemas trazidos pela crise financeira internacional”, disse Mantega durante o anúncio.
Mais uma vez o governo aposta suas fichas no consumo interno, sem se preocupar com as consequências que essas medidas produzirão. Por certo o endividamento voltará a subir e a reboque surgirá a alta da inadimplência. O problema maior está no impacto que as grandes cidades sofrerão mais uma vez com o novo derrame de carros. Em 2008, o ucho.info sugeriu que parte dos tributos arrecadados com a venda de automóveis novos fosse investida na melhoria do sistema viário das principais metrópoles brasileiras, mas nada foi feito.
Há dias, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, disse que um dos grandes problemas no cenário da Copa do Mundo de 2012 é o trânsito caótico das grandes capitais. E novamente a receita é repetida, como se ficar parado no trânsito fosse uma diversão. Resumindo, o governo acaba de criar um novo problema para resolver outro mais antigo. Enfim, como disse certa feita o messiânico Lula, “nunca antes na história deste país”.