Convencimento zero – Na manhã desta terça-feira (22), em Brasília, o ministro Guido Mantega (Fazenda) detalhou, durante audiência na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, as medidas adotadas pelo governo para estimular o crédito e o consumo. Mantega disse que o pacote de bondades está focado no setor automobilístico, que em sua opinião é o principal segmento da indústria nacional, e nos bens de capital.
O ministro repetiu a mesma cantilena apresentada aos jornalistas na segunda-feira (21), instantes depois do anúncio das medidas, como se o Palácio do Planalto fosse uma incansável usina de soluções mirabolantes. Desde o início da crise internacional, Mantega e a presidente Dilma Rousseff afirmaram em diversas ocasiões que o Brasil passaria ao largo do movimento que afeta a economia da União Europeia. Horas antes do anúncio do novo pacote, Dilma disse que o Brasil está “300% preparado” para a crise.
Como se sabe, a realidade dos fatos é bem diferente. Tanto é assim, que o próprio Ministério da Fazenda reviu sua previsão para o crescimento da economia em 2012, que caiu de 4,5% para 4%. Contudo, no mercado financeiro os analistas apostam em crescimento de no máximo 3,5%, sendo que os mais conservadores e cautelosos afirmam que o avanço do PIB não passará a casa dos 3,2%.
O discurso oficial torna-se ainda mais inócuo quando Guido Mantega aborda a redução das taxas de juro para o financiamento de ônibus e caminhões. O ministro explicou que esse movimento ajudará a minimizar o custo do transporte da produção da indústria nacional. Na verdade, o Brasil carece de urgente melhoria das rodovias, além da recuperação imediata da malha ferroviária, há muito abandonada. Fora isso, o sistema viário nas grandes cidades brasileiras beira o caos, sem que as autoridades apresentem soluções para equacionar os quase intermináveis congestionamentos. As novas benesses anunciadas por Mantega ajudarão a entupir ainda mais as já saturadas ruas e avenidas das grandes metrópoles do País, como São Paulo e Rio de Janeiro.