Suplicy defende transparência no Senado, mas ignora passagens da namorada pagas por seu gabinete

Óleo de peroba – Quem desconhece a realidade política do País e ouve um discurso do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) acaba acreditando que o Brasil tem solução. Na quarta-feira (23), antes de os presidentes do Senado e da Câmara, José Sarney e Marco Maia, respectivamente, anunciarem que ambas as Casa legislativas se adequariam à Lei de Acesso à Informação, divulgando o salário de cada um dos servidores, o senador petista disse que o parlamento, como órgão fiscalizador do Executivo, tinha o dever de dar o exemplo e liberar informações.

Esse discurso embusteiro de Suplicy pode convencer os incautos, que preferem fechar os olhos aos seguidos escândalos que marcam a política verde-loura, mas não é armadilha para os que acompanham atentamente o cotidiano nacional.

Para quem não se recorda, Eduardo Suplicy, protagonista de momentos galhofeiros no Congresso, cedeu à namorada, a jornalista Mônica Dallari, cota de passagens aéreas de uso restrito do seu gabinete, no total de R$ 5.521,00, entre os anos de 2007 e 2008. Também ficou por conta do dinheiro do contribuinte a viagem a Paris feita por Mônica Dallari, cujo dinheiro só foi devolvido aos cofres públicos por causa de reportagem do jornal “Folha de S. Paulo”.

O senador petista se justificou dizendo que devolveu o valor gasto com a viagem da namorada à Cidade Luz, o que não ilide a transgressão e muito menos concede brilho à sua conduta pífia como parlamentar.

De igual modo, o presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra (PE), à época senador, usou dinheiro público para custear a viagem da sua filha a Nova York. A advogada Helena Olympia de Almeida Brennand Guerra foi para os Estados Unidos, em fevereiro de 2007, e gastou R$ 4.580,40 em diárias pagas com o suado dinheiro do trabalhador.

O povo brasileiro tem o direito, agora garantido por lei, de saber quanto ganham os servidores públicos, mas é preciso revelar também, com muita clareza, o destino da verba de gabinete de deputados e senadores, pois os casos da namorada de Suplicy e da filha de Sérgio Guerra são uma reles gotas em um vasto oceano de desmandos.

Farra sem fim

Quem conhece os bastidores da política sabe que as transgressões ultrapassam com largueza os limites do bom senso. Há parlamentares que usam a verba de gabinete não apenas para a realização de negócios escusos, mas para visitar amantes em outros estados e garantir viagens sem qualquer relação com o mandato.

Aproveitando que o senador Eduardo Suplicy agora deflagra essa oportunista lufada de moralidade, o momento é propício para cobrar da Câmara e do Senado que os pontos acumulados nos programas de milhagem das companhias aéreas, decorrentes das passagens utilizadas pelos parlamentares, sejam convertidos em viagens para brasileiros que, por exemplo, necessitem de tratamento médico de urgência em outros estados e não têm condições financeiras para custear o deslocamento. Até agora, essas milhagens têm proporcionado férias nababescas aos políticos e seus familiares. E essa farra precisa acabar!