Centro da Cultura Judaica, em parceria com o Museu Lasar Segall, realiza a exposição “Visões de Guerra”

Vale à pena – A exposição “Visões de Guerra” reúne 75 aquarelas de Lasar Segall, produzidas entre 1940 e 1943 para um caderno jamais publicado, assim como obras relacionadas (pinturas, desenhos, esboços) e documentos de época – recortes de jornais e fotos – que retratam o momento histórico em que o artista desenvolveu o trabalho.

Tendo vivenciado a brutalidade da primeira grande guerra na Alemanha, Lasar Segall desenha o citado caderno já no Brasil, durante a Segunda Guerra Mundial. Na obra Segall faz dura crítica à incomplacência da guerra, retratando, sobretudo, o sofrimento e a debilidade humana diante do horror.

Esses cadernos foram expostos apenas duas vezes, em seu conjunto, e representam importantes registros dos processos criativos do artista plástico. Simultaneamente à exposição, o Centro da Cultura Judaica, o Museu Lasar Segall e a Imprensa Oficial lançam um catálogo fac-similar aos cadernos. A edição, inédita, permitirá a circulação da série histórica e ainda pouco conhecida dentro da trajetória de Segall.

O catálogo é composto também por três textos assinados por Berta Waldman, Jorge Coli e Celso Lafer, pesquisadores e críticos da obra de Lasar Segall.

Clique e confira as fotos da montagem da exposição

Serviço

Exposição: de 17 de maio a 12 de agosto
Horário: de terça a sábado, das 12h às 19h, domingo das 11h às 19h
Idade: livre
Entrada gratuita
Endereço: Rua Oscar Freire, 2500 – São Paulo – Estação Sumaré do Metrô – Tel.: (11) 3065-4333

Sobre Lasar Segall

Em 21 de julho de 1891, nasce Lasar Segall, na comunidade judaica de Vilna, na Lituânia, à época sob domínio da Rússia czarista. Em Vilna, frequenta a Escola de Desenho. É, porém, estimulado a viajar para completar seus estudos. Aos 15 anos, vai para Berlim, onde realizou sua formação artística e envolveu-se de forma ativa no movimento expressionista alemão.

Após passagens por Dresden, Amsterdã e Hamburgo, vem para o Brasil, onde já se encontravam seus irmãos, realizando uma exposição individual em um salão alugado à Rua São Bento, no ano de 1913. Durante essa estada no País dá aulas a Jenny Klabin e realiza uma exposição individual no Centro de Ciências Letras e Artes de Campinas. Foi um momento significativo para a arte brasileira, que passa a conhecer a arte expressionista europeia.

No final desse mesmo ano volta para a Europa, deixando várias de suas obras em coleções brasileiras. Após estadia de três semanas em Paris, que incluiu longas visitas ao Museu do Louvre, volta à Alemanha e conhece Margeret Quack, que logo após o término da Primeira Guerra se tornaria sua esposa.

Após estadia em Dresden, volta para Vilna em 1917, encontrando-a destruída pela guerra. A partir de suas impressões da cidade destruída com seus miseráveis espalhados pelas ruas, produz uma série de desenhos, litografias e gravuras em metal.

Em 1918, de volta a Dresden, publica “Cinco litografias sobre uma criatura dócil”, baseada no conto de Dostoievski. No ano seguinte funda com os artistas Otto Dix, Conrad Felixmüller, Will Heckrott, Otto Lange, Constantin von Mitschke-Collande, Peter August Böckstiegel, Otto Schubert, Gela Forster, com o arquiteto e escritor Hugo Zehder, a Dresdner Sezession, importante grupo expressionista alemão, dotado de uma perspectiva crítica.

Participa intensamente da cena de arte moderna alemã até 1923 quando, em novembro, vem com sua mulher Margaret de mudança para o Brasil. Logo após sua chegada começa a participar intensamente do movimento modernista, exibindo suas obras em uma exposição individual na Rua Álvares Penteado, em 1924.

Em 1925, decora o Baile Futurista do Automóvel Clube de São Paulo e, com pinturas, os murais o Pavilhão de Arte Moderna de Olívia Guedes Penteado. Em junho casa-se com Jenny Klabin. Pouco tempo depois viaja a Paris, onde reside durante quatro anos.

Na sua volta ao Brasil, em 1932, instala-se em São Paulo na casa projetada pelo arquiteto Gregori Warchavchik, com seu ateliê ao lado, que se converteria no que atualmente é o Museu Lasar Segall. Foi um dos criadores da SPAM (Sociedade Pró-Arte Moderna). Em 1938, Segall realizou os cenários para o balé Sonho de uma Noite de Verão, encenado no Teatro Municipal de São Paulo. Em 1951, exibe em uma exposição no Museu de Arte de São Paulo. Três anos depois, cria os figurinos e cenários do balé O Mandarim Maravilhoso.

O Museu Nacional de Arte Moderna da França organiza uma grande retrospectiva de sua obra, em 1957, em Paris, ano em que Lasar Segall falece, devido a complicações cardíacas.