Implosão a caminho – Na quinta-feira (24), os senadores Pedro Taques (PDT-MT) e Ranfolfe Rodrigues (PSOL-AP) e o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ) solicitaram à Justiça Federal, em Brasília, o bloqueio dos bens da Delta Construção, empreiteira acusada de envolvimento no escândalo de corrupção ancorado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. De acordo com a Polícia Federal, o contraventor goiano, preso em 29 de fevereiro passado durante a Operação Monte Carlo, interferia nos contratos da empresa.
A PF também identificou repasses de dinheiro, por parte da empreiteira, para empresas fantasmas sediadas no Centro-Oeste e supostamente ligadas a Carlinhos Cachoeira. A “Alberto & Pantoja Construções”, que funcionaria em oficina mecânica no Distrito Federal, recebeu R$ 26 milhões. Na conta da “Brava Construções”, também empresa de fachada, foram depositados R$ 13 milhões.
“Nós pedimos a indisponibilidade dos bens da Delta e a nomeação de um interventor judicial para que ela não paralise as obras e para que mais de 30 mil empregados não fiquem sem colocação no mercado de trabalho”, declarou o senador Pedro Taques.
O pedido dos parlamentares à Justiça reforça ainda mais a suspeita que recobre a venda da Delta Construção ao grupo J&F, controlador do frigorífico JBS Friboi. Empreiteira que mais cresceu no País sob o manto do então presidente Luiz Inácio da Silva, a Delta estranhamente foi parar nas mãos do grupo que é presidido por ninguém menos que Henrique de Campos Meirelles, ex-presidente do Banco Central.
Sob investigação da Polícia Federal, a Delta vem perdendo seguidamente contratos milionários e está a um passo de receber o rótulo de “inidônea”, o que a impedirá de realizar negócios com o governo federal. O mais novo capítulo envolvendo a Delta, o bloqueio de bens, faz com que a transação com o grupo J&F ultrapasse os limites da suspeição, pois nenhum capitalista, por maior que seja o seu arrojo empresarial, jamais colocaria dinheiro em negócio tão incerto e arriscado.
Esse cenário explica o temor dos parlamentares do PT e da base aliada, que integram a CPI do Cachoeira, diante da possibilidade de os sigilos da Delta, em âmbito nacional, serem quebrados. No caso de o respectivo requerimento ser aprovado na próxima terça-feira (29), por certo muitos políticos passarão a enfrentar longos períodos de insônia, uma vez que a empresa tem contratos com o governo federal e com quase todos os estaduais. Em outras palavras, a empreiteira poderá conquistar de uma hora para outra a expertise em demolição política.