Audácia vermelha – A tentativa do ex-presidente Luiz Inácio da Silva de chantagear e intimidar o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, para adiar o julgamento do caso do Mensalão do PT, é algo tão grave que supera o maior escândalo de corrupção da história do País. O assédio ocorreu no escritório de advocacia de Nelson Jobim (PMDB-RS), ex-ministro de Lula e ex-integrante do STF, mas o teor da conversa foi negado pelo peemedebista por motivos óbvios.
Jobim disse que Lula pareceu em seu escritório coincidentemente no momento em que Gilmar Mendes estava lá, mas na política não há coincidências, especialmente quando no cardápio a corrupção é o prato principal. Se o desmentido de Nelson Jobim é um ato de covardia explícita, a ousadia de Lula é caso de polícia, pois o ex-metalúrgico tenta obstruir o trabalho da Justiça, o que de acordo com a legislação vigente é contemplado com ordem de prisão.
Acontece que Gilmar Mendes não foi o único ministro do Supremo a sofrer assédio do abusado Lula da Silva, que tenta salvar vários desesperados companheiros do pior. É o caso do ex-ministro e deputado cassado José Dirceu de Oliveira e Silva, figura influente nos bastidores do governo do PT, que teme por uma condenação, uma vez que é acusado de ter sido o chefe da quadrilha que operou o esquema de troca de apoio parlamentar no Congresso pelo pagamento de regulares e criminosas mesadas.
Independentemente do desmentido de Nelson Jobim, que fez um enorme favor ao Brasil ao deixar o Judiciário, o STF precisa dar uma resposta convincente à sociedade brasileira, sob pena de comprometer a decisão decorrente do julgamento do Mensalão do PT. Fosse o Brasil um país minimamente sério, Lula já estaria preso, decisão que poderia ter sido tomada pelo próprio ministro Gilmar Mendes.