Hora da morte – Os brasileiros de quinze capitais do País pagaram, em maio, mais caro pela cesta básica, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Econômicos (Dieese). As maiores altas foram registradas em Recife (7,12%), Fortaleza (6,91%), Salvador (4,74%), Goiânia (4,69%) e João Pessoa (4,14%). Das dezessete capitais pesquisadas, apenas Florianópolis e Brasília apresentaram queda nos preços da cesta básica, de 1,01% e 0,9%, respectivamente.
De acordo com a pesquisa, as altas verificadas nos preços do óleo de soja e da banana foram destaque no quinto mês do ano – ambos os produtos ficaram mais caros em 16 das 17 cidades pesquisadas. Em Recife, o óleo de soja subiu 8,19% em maio; em Belém, 7,93%. Já as maiores altas nos preços da banana foram registradas em Goiânia (21,59%), Recife (16,40%) e Salvador (14,09%).
Em São Paulo, maior cidade brasileira, o preço médio da cesta básica subiu 2,72%, para R$ 283,69, mantendo a capital paulista na liderança do ranking das cestas mais caras. Em segundo lugar aparece Manaus, onde a cesta alcançou R$ 272,86, seguida por Porto Alegre (R$ 272,45) e Vitória (R$ 271,16). “Os menores custos foram encontrados em Aracaju (R$ 199,26), João Pessoa (R$ 225,94) e Salvador (R$ 228,25)”, aponta o Dieese em nota.
Na mesma pesquisa, o Dieese informa que o salário mínimo ideal deveria ser, em maio, de R$ 2.383,28, a fim de suprir as necessidades básicas das famílias brasileiras. Considerando que o salário mínimo atual é de R$ 622 e o custo médio da cesta básica é de R$ 249,80, o trabalhador brasileiro terá de desembolsar 40,16% do seu provento para adquirir os gêneros considerados essenciais. O cenário fica ainda pior quando percebe-se que o salário atual corresponde a 26,1% do ideal calculado pelo Dieese.
Não faz muito tempo, os palacianos estufavam o peito ao dizer que o salário mínimo evoluiu em termos de valores na era Lula e que poucos trabalhadores no País recebiam mensalmente esse valor. Acontece que há dias o IBGE divulgou os resultados de pesquisa que apontam que 70% da população economicamente ativa recebem menos do que dois salários mínimos.
O mais estranho é que mesmo diante dessa aviltante conjunção de números, o governo considera como integrante da chamada classe média o cidadão que recebe R$ 800 mensais. De tal modo, não há como transformar o consumo interno em antídoto contra os efeitos colaterais da crise econômica que vem tirando o sono dos europeus e começa a singrar as águas do Atlântico em direção a outras nações.