PPS acusa empresário de administrar empresa fantasma que comprou casa do governador Marconi Perillo

Castelo de areia – Líder do PPS na Câmara, o deputado federal Rubens Bueno (PR) levantou a possibilidade de o professor e empresário Walter Paulo de Oliveira Santiago ser administrador de uma empresa de fachada, a Mestra, que comprou a casa do governador Marconi Perillo (PSDB-GO) em condomínio de luxo de Goiânia. A afirmação foi feita durante depoimento de Santiago, nesta terça-feira (5), aos integrantes da CPI criada para investigar as relações do contraventor Carlinhos Cachoeira.

Bueno questionou o negócio porque a Mestra tinha capital social de R$ 20 mil e o imóvel em questão custou R$ 1,4 milhão. “Para mim, está muito claro que essa é uma empresa laranja do seu esquema e do esquema com políticos”, disse Rubens Bueno. Além disso, em 2008, quando foi candidato a vereador na capital goiana, conforme lembrou o parlamentar, Santiago declarou não possuir bens.

Propriedades

O professor admitiu ser dono da empresa Educacional, que não poderia fazer a aquisição. Perguntado por Bueno sobre como havia adquirido as faculdades, já que em 2008 não era proprietário de nenhum bem, Santiago afirmou à CPI que tanto a Educacional com a empresa proprietária das instituições de ensino estão em nome dos filhos. Ele disse que retirou um câncer e que depois disso não tem “nada, nada” em seu nome.

Santiago declarou no depoimento ter feito o pagamento da casa como administrador da Mestra. Afirmou que pagou em dinheiro. O imóvel, segundo ele, ficou em nome da empresa e futuramente, “quando puder”, passará para o nome de sua filha.

“O que chama a atenção é que a compra dessa casa envolve o governador, o Cachoeira, que nela foi preso, a mulher do Cachoeira (que ficou morando no imóvel antes de ele ser entregue), enfim, envolve tanta gente que o senhor não está explicando direito”, cobrou Bueno.

Laranja

O deputado continuou: “Criou-se uma e empresa, que é laranja; ali colocou-se alguém, e o senhor, que não é proprietário, compra (a casa)… Me desculpe, mas há uma contradição absoluta do ponto de vista racional de qualquer pessoa mediana”.

Outro questionamento de Rubens Bueno para Santiago foi como ele conseguiu, em três anos, credenciamento de 11 cursos no MEC (Ministério da Educação) para a Faculdade Padrão, de propriedade dele em Goiânia. “Trabalhando, lutando”, respondeu o depoente. “O senhor sabe que para conseguir credenciamento para um curso se leva anos, mas o senhor conseguiu 11 em três anos”.

Bueno perguntou se Santiago pediu a interferência do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), flagrado em conversas telefônicas com o contraventor Carlinhos Cachoeira pela Polícia Federal prometendo intermediar pleitos dele junto a órgãos federais em Brasília. Num primeiro momento, o professor negou, mas depois admitiu que, em um jantar, pediu a ajuda dele para conseguir um credenciamento do Curso de Medicina na Faculdade Padrão.

O líder perguntou a Santiago se ele já havia feito alguma doação para campanhas políticas. Ele afirmou que sim, doara R$ 20.000, mas ressalvou que não se lembrava para quem foi. “Não sei se foi Sena, uma coisa assim”.