Petistas estão indignados com denúncia de caixa 2, mas prática é comum na política nacional

Papo furado – O PT está em festa por causa do jornalista Luiz Carlos Bordoni, que afirmou, durante depoimento à CPI do Cachoeira, que recebeu dinheiro do caixa 2 da campanha de Marconi Perillo, atual governador de Goiás. Foi o bastante para os petistas comemorarem, como se nenhum deles tivesse se valido, em algum momento, de caixa 2.

Como a memória encurta de acordo com a necessidade de cada um, faz-se necessário lembrar a esses repentinos paladinos da moralidade que nove entre dez campanhas no Brasil são viáveis somente por causa da contabilidade paralela. Do contrário, muitos dos que estão poder ainda permaneceriam de pijama e na varanda de casa.

Para que não paire dúvidas sobre essa intimidade dos petistas com o tal caixa 2, voltamos no tempo com direito a parada na CPI dos Correios. Durante o depoimento àquela Comissão, em 2005, o marqueteiro Duda Mendonça se irritou com o repentino ataque de Aloizio Mercadante e disse que o então senador petista havia gasto em sua campanha muito mais do que o valor declarado à Justiça Eleitoral.

Na prestação de contas Mercadante informou ter gasto pouco mais de R$ 1 milhão, o que é uma piada se considerados os 10,5 milhões de votos arrancados das urnas, mas o publicitário baiano fez questão de desmenti-lo. Dias depois, Mercadante ressurgiu com um discurso visguento e encomendado, que não convenceu, mas serviu para acalmar os ânimos, certamente porque nos bastidores ocorrera algum tipo de acordo.

Se os petistas estão indignados com essa história de caixa 2, que alguém do partido explique com quanto em dinheiro Dilma Rousseff conseguiu chegar ao Palácio do Planalto. É verdade que pelo fato de Dilma ter sido incensada por Lula a captação de recursos foi menos difícil, para não afirmar que foi fácil, mas qualquer campanha presidencial com chance de sucesso não custa menos do que US$ 300 milhões, cifra considerável em qualquer parte do planeta. E quem discordar das afirmações aqui feitas, que atire a primeira pedra. Por certo o Brasil agradecerá tal reação, pois será uma oportunidade inédita para mostrarmos a lama que circula nas coxias da política verde-loura.