Relator da CPI do Cachoeira, Odair Cunha desconhece o Dossiê Cuiabá e os dólares na cueca

(Foto: Fabio Pozzebom - ABr)
Túnel do tempo – Responsável pelo período mais corrupto da história política nacional, o ex-presidente e messiânico de plantão Luiz Inácio da Silva despachou seus fantoches partidários para transformar a CPI do Cachoeira em ópera bufa. O espetáculo encenado pelo PT é algo tão ridículo e descabido, que acompanhar o desenrolar dos fatos é algo tão enfadonho quanto os programas “policialescos” que invadem a televisão brasileira no cair da tarde.

Após o depoimento de Luiz Carlos Bordoni, que disse ter recebido “dinheiro sujo” de Marconi Perillo, o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), cuja incompetência é algo visível e incontestável, afirmou que o depoimento do jornalista goiano revela fatos graves, entre eles o abastecimento financeiro da campanha do atual governador de Goiás a partir do esquema criminoso comandado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

Que os petistas não desperdiçam qualquer oportunidade para posar como paladinos da moralidade todos sabem, mas desempenhar esse papel exige memória minimamente eficiente. Odair Cunha tem o direito de fazer a acusação que bem quiser, mas que alguém lhe avise que o seu partido, o PT, se envolveu em um escândalo que ficou conhecido como Dossiê Cuiabá, conjunto de documentos apócrifos para prejudicar as campanhas dos tucanos Geraldo Alckmin e José Serra, em 2006, candidatos à presidência da República e ao governo de São Paulo, respectivamente.

Na ocasião, o grande beneficiário dessa farsa, montada por um bando que foi batizado por Lula como “aloprados”, foi o então senador e agora ministro Aloizio Mercadante (Educação), que sonhava em conquistar o Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista. Antes da conclusão do golpe, a Polícia Federal entrou em ação e prendeu os tais “aloprados” com R$ 1,7 milhão em moeda sonante, dinheiro que seria utilizado para pagar a papelada falsa. O delegado que comandou a operação foi afastado do caso e transferido, além de ninguém ter reclamado até agora a propriedade da quantia apreendida.

Pouco mais de mm ano antes, ocupou o noticiário o escândalo dos “dólares na cueca”, que alvejou o petista José Nobre Guimarães, à época deputado estadual no Ceará e agora deputado federal pelo belo estado do Nordeste brasileiro. Irmão do mensaleiro José Genoíno, Guimarães viu um de seus prepostos, o ex-assessor parlamentar José Adalberto Pereira da Silva, ser preso no Aeroporto de Congonhas, na Zona Sul da cidade de São Paulo, com R$ 209 mil em uma valise e US$ 100 mil distribuídos dentro da própria cueca. Aos policiais, José Adalberto disse que o dinheiro era proveniente da venda de verduras no maior centro de distribuição de hortifrutigranjeiros da América Latina, o Ceagesp.

Contudo, o Ministério Público Federal concluiu que o dinheiro transportado pelo assessor de José Nobre Guimarães era propina proveniente de um contrato de financiamento em investigação, no valor de R$ 300 milhões, fechado entre o Banco do Nordeste e o consórcio Alusa/STN (Sistema de Transmissão do Nordeste).

Pelo que se percebe, o petista Odair Cunha desconhece a história do seu partido, quiçá não sofra de amnésia por conveniência. Sendo assim, o melhor que o relator da CPI do Cachoeira pode fazer é se recolher à própria insignificância, o que será um enorme presente aos brasileiros de bem.