Correndo por fora – Na última semana, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), integrante da CPI do Cachoeira, afirmou que deixaria a Comissão caso o colegiado não aprovasse os requerimentos de convocação de Luiz Antônio Pagot, ex-diretor do Dnit, e Fernando Cavendish, dono da Delta Construção. Contudo, por pressão da oposição, a Comissão aprovou a convocação de ambos, como também do petista Raul Filho, prefeito de Palmas flagrado em vídeo negociando com Carlinhos Cachoeira.
Como na CPI impera a lei do silêncio, endossada pelo PT quando o assunto não lhe interessa, Sampaio anunciou que produzirá um relatório paralelo, já que o relator Odair Cunha (PT-MG), homem que cumpre as ordens de Lula e José Dirceu, rejeita a ideia de criar sub-relatorias para facilitar o trabalho de investigação, como aconteceu na CPI dos Correios, então presidida pelo senador neopetista Delcídio Amaral.
Carlos Sampaio destaca que há por parte do relator o desejo manifesto de perseguir o governo Marconi Perillo, de Goiás, conhecido desafeto de Lula e razão pricipal para que o ex-presidente incentivasse a criação da CPI.
“Os números falam por si só. Levantamento estatístico mostra que o relator ouviu até agora 42% das pessoas ligadas ao governador e apenas 19% ligadas ao núcleo criminoso que é o objeto da CPI. Ou seja, ligadas ao Carlos Cachoeira”, diz o deputado Sampaio. “Não investigam o Cachoeira nem seu braço financeiro (Delta), mas investigam Marconi Perillo, que não faz parte de núcleo criminoso algum. Há um direcionamento e o relator precisa rever seu posicionamento”, declarou Sampaio.
O medo dos petistas é que com as sub-relatorias as investigações alcancem diversos companheiros, alguns deles estrelados, como é o caso de Dilma Rousseff, cuja campanha rumo à presidência pode ter recebido dinheiro do esquema comandado por Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, e contou com o apoio financeiro de Cavendish. Tanto é verdade, que a Comissão rejeitou a convocação do deputado federal José de Filippi Júnior (PT-SP), homem de confiança de Lula e caixa da campanha de Dilma.
A divulgação do vídeo em que Raul Filho aparece reunido com Cachoeira, na capital do Tocantins, foi uma espécie de mensagem do contraventor ao Palácio do Planalto, que reforçou os trabalhos nos bastidores para evitar o pior. Acostumado a gravar seus encontros nada ortodoxos, Carlinhos Cachoeira mantém em local incerto e seguro uma videoteca que tem tirado o sono de muitos políticos graduados, em especial os situacionistas.
Como já largamente noticiado pelo ucho.info, uma campanha presidencial com chances de sucesso não sai por menos de US$ 300 milhões, o que equivale a R$ 600 milhões. Por maior que seja a ideologia e o patriotismo de seus integrantes, nenhum partido político investe tamanha fortuna em uma campanha eleitoral, mesmo sabendo que em caso de vitória o retorno será infinitamente maior. Traduzindo para o velho e bom idioma da Terra de Santa Cruz, nessa linha não há apenas um boi, mas uma vasta boiada. E o primeiro que mugir derruba a República.