Decidida a cassação de Demóstenes, senadores usam o plenário para falso moralismo e vilipendio ao cadáver

(Foto: Agência Brasil)
Pedra na Geni – Encerrada a sessão que despachou para Goiânia o agora cassado Demóstenes Torres, senadores retornaram ao plenário para um espetáculo pífio e deprimente. Como se fossem incontestes arautos da moralidade, os parlamentares tomaram os microfones do plenário para uma insensata troca de loas, ato que mais pareceu um punhado de oportunistas discursando sobre o esquife que embalava o defunto.

Demóstenes Torres perdeu o mandato de senador e ficará inelegível até 2027 porque como ácido integrante da oposição não teve como negociar com os governistas a sua permanência na Casa. Prevaleceu, sim, como noticiado anteriormente pelo ucho.info, o espírito de vingança da base aliada, que não perdeu a oportunidade de ferir de morte um dos mais críticos adversários do governo do PT.

Esses enfadonhos e repetitivos discursos, nos quais cada senador tratou de reverenciar a si próprio, foram recheados por críticas contra a mentira, como se Demóstenes Torres fosse o único a faltar com a verdade no Senado Federal. Considerando a tese defendida pelo senador Humberto Costa, um dos algozes de Demóstenes, de que mentir é falta de decoro parlamentar, muitos senadores não poderiam sequer assumir os respectivos mandatos, pois à Câmara Alta chegam embalados pela conhecida mentira contábil que marca a prestação de contas das campanhas eleitorais.

Nenhum brasileiro deve acreditar nas prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral pela maioria dos candidatos, sejam eles vitoriosos ou não. Quando o ucho.info começou a destacar a disparidade entre os valores informados aos Tribunais Regionais Eleitorais e os reais gastos de campanha, muitos chegaram a pensar que este noticioso abrigava um bando de insanos. A prova maior da lucidez de cada integrante do ucho.info está na previsão de gastos apresentada por cada um dos mais importantes candidatos à prefeitura de São Paulo, maior cidade do País, onde sonhar com o poder exige o desembolso de pelo menos R$ 100 milhões. Apenas para rememorar, uma campanha à presidência da República com chances de sucesso não sai por menos de US$ 300 milhões.

Destaque-se o fato de que nenhum candidato, independentemente de o Estado representado ser o menor da federação, chega ao Senado a bordo de uma campanha que custou alguns trocados. Alcançar a principal Casa legislativa do País exige dinheiro de sobra e raciocínio em doses extras, além de jogo de cintura. Do contrário, o melhor é ficar em casa contemplando a vida passar.

A exemplo de inúmeras matérias anteriores, ao ucho.info não cabe defender Demóstenes Torres, mas, sim, cobrar coerência dos seus pares de outrora, impedindo que o falso moralismo domine os discursos derramados a esmo sobre a sociedade.