Planalto aposta em nova redução da Selic, mas economia brasileira continuará andando de lado

Quase nada – Quando o ministro Guido Mantega (Fazenda), endossado pela presidente Dilma Rousseff, garantiu que o Brasil passaria ao largo da crise que aflige a União Europeia, não estava na pauta palaciana a incompetência e a soberba de alguns integrantes do governo, que insistem em medidas pontuais e temporárias para incentivar a economia, cuja capacidade de reação não é tão rápida quanto a esperada.

Em nova rodada de reuniões, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, reduziu mais uma vez a taxa básica de juro (Selic), que com corte de meio ponto percentual passou a valer 8% ao ano. Trata-se de um índice histórico, mas não significa que o consumidor se beneficiará da decisão e muito menos que a economia dará saltos para cima.

A demora na adoção de medidas pontuais e a teimosia do governo em não adotar mudanças estruturais na economia farão com que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça abaixo dos 2% em 2012. Para se ter ideia do que isso representa, no ano passado o PIB registrou crescimento de 2,7% e foi chamado de “pibinho”.

A presidente Dilma Rousseff, que tem perdido o sono por causa do marasmo da economia verde-loura, resolveu tirar da gaveta alguns projetos essenciais que por lá dormitavam. E não foi por falta de aviso que esses tais projetos permaneceram tanto tempo parados. Comenta-se nos corredores do Palácio do Planalto que nas próximas semanas a presidente deve anunciar um pacote de concessões na área de infraestrutura, como forma de minimizar os efeitos colaterais da crise. Setores como os de energia elétrica, aeroportos, portos, rodovias e ferrovias e devem receber dinheiro público, mas o governo aposta também no investimento privado.

Acontece que os investidores internacionais estão reticentes em relação ao Brasil, pois temem que o populismo barato que emoldura o esquerdismo que sopra na América Latina leve a presidente Dilma, em algum momento, a intervir no negócio alheio. E essa possibilidade, que não deve ser descartada, tem afugentado os donos do dinheiro.

O grande erro nessa história foi alguém ter acreditado que Luiz Inácio da Silva era um especialista em economia. Populista ao extremo, Lula vendeu ao mundo uma bolha de virtuosismo que só não estourou antes porque os mentirosos títulos de doutor honoris causa não permitiram. Agora, com a economia andando de lado o planeta há de perceber a extensão do embuste que foi aspergido a partir da rampa do Palácio do Planalto. Mesmo assim, Lula cada vez mais alimenta o seu projeto de voltar ao poder central, até porque, como o atual andar da carruagem, a companheira Dilma dificilmente buscará um bis.