Olho do furacão – A situação do governador Marconi Perillo, de Goiás, tornou-se insustentável depois do relatório da Polícia Federal, publicado na mais recente edição da revista Época, que destrincha a relação entre o tucano e o contraventor Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
De acordo com a publicação, o relatório da PF aponta um “compromisso” firmado entre Perillo e a Delta Construção, com a intermediação de Carlinhos Cachoeira, tão logo o tucano assumiu o governo de Goiás. O acerto, segundo a Polícia Federal, teve como principal objetivo a liberação de dívidas milionárias da Delta com o governo goiano mediante suposto pagamento de propina a Marconi Perillo.
Esse novo capítulo do escândalo Cachoeira, que vem à tona dias antes do recesso parlamentar, obrigará a CPI a convocar novamente o governador de Goiás, que deve explicações sobre os fatos. É sabido que esse relatório estava pronto há muito tempo e aguardando o momento certo para ser divulgado, pois o objetivo da CPI do Cachoeira é desviar o foco da opinião pública, atualmente direcionado para o julgamento do caso do Mensalão do PT. O que não significa que Perillo seja inocente.
Nesta segunda-feira (16), o senador Randolfe Rodrigues (PSol-AP) apresentará requerimento de convocação do governador de Goiás. “São gravíssimos os fatos, o que torna inevitável a reconvocação do governador Marconi Perillo. Os elementos mostram que o governador mentiu para a CPI”, disse Randolfe.
Integrante da CPI criada para investigar a teia de relacionamentos do contraventor goiano, o deputado Miro Teixeira disse que “está demonstrado o elo entre Cachoeira, Delta e Marconi.
Reza a Constituição Federal, ao tratar da presunção da inocência, que qualquer cidadão não pode ser considerado culpado até que transite em julgado eventual sentença condenatória. No caso de Perillo, o mais importante é confirmar os dados do relatório da PF e checar a autenticidade das provas. Mesmo assim, o PSDB deveria afastar temporariamente o governador de seus quadros, sob pena de estender às disputas municipais os efeitos do escândalo que chacoalha o Centro-Oeste brasileiro. Por muito menos o Democratas defenestrou da legenda o então senador Demóstenes Torres.