Fim do caminho – Apenas 35% das pessoas com ensino médio completo podem ser consideradas plenamente alfabetizadas e 38% dos brasileiros com formação superior têm nível insuficiente em leitura e escrita. Eis os resultados do Indicador do Alfabetismo Funcional (Inaf) 2011-2012, pesquisa produzida pelo Instituto Paulo Montenegro e a organização não governamental Ação Educativa.
O levantamento avalia, de forma amostral, por meio de entrevistas e um teste cognitivo, a capacidade de leitura e compreensão de textos e outras tarefas básicas que dependem do domínio da leitura e escrita. A partir dos resultados, a população é dividida em quatro grupos: analfabetos, alfabetizados em nível rudimentar, alfabetizados em nível básico e plenamente alfabetizados.
Os resultados da última edição do Inaf mostram que apenas 26% da população podem ser consideradas plenamente alfabetizadas – mesmo patamar verificado em 2001, quando o indicador foi calculado pela primeira vez. Os chamados analfabetos funcionais representam 27% e a maior parte (47%) da população apresenta um nível de alfabetização básico.
“Os resultados evidenciam que o Brasil já avançou, principalmente nos níveis iniciais do alfabetismo, mas não conseguiu progressos visíveis no alcance do pleno domínio de habilidades que são hoje condição imprescindível para a inserção plena na sociedade letrada”, aponta o relatório do Inaf 2011-2012.
O estudo também indica que há uma relação entre o nível de alfabetização e a renda das famílias: à medida que a renda cresce, a proporção de alfabetizados em nível rudimentar diminui. Na população com renda familiar superior a cinco salários mínimos, 52% são considerados plenamente alfabetizados. Na outra ponta, entre as famílias que recebem até um salário por mês, apenas 8% atingem o nível pleno de alfabetização.
De acordo com o estudo, a chegada dos mais pobres ao sistema de ensino não foi acompanhada dos devidos investimentos para garantir as condições adequadas de aprendizagem. Com isso, apesar da escolaridade média do brasileiro ter melhorado nos últimos anos, a inclusão no sistema de ensino não representou melhora significativa nos níveis gerais de alfabetização da população.
“O esforço despendido pelos governos e também pela população de se manter por mais tempo na escola básica e buscar o ensino superior não resulta nos ganhos de aprendizagem esperados. Novos estratos sociais chegam às etapas educacionais mais elevadas, mas provavelmente não gozam de condições adequadas para alcançarem os níveis mais altos de alfabetismo, que eram garantidos quando esse nível de ensino era mais elitizado. A busca de uma nova qualidade para a educação escolar em especial nos sistemas públicos de ensino deve ser concomitante ao esforço de ampliação de escala no atendimento para que a escola garanta efetivamente o direito à aprendizagem”, resume o relatório.
Na contramão
Reforçando o que o ucho.info vem noticiando com insistência, a qualidade do ensino vem caindo na mesma proporção e velocidade que cresce a falta de conhecimento dos estudantes. Exemplo maior é a enxurrada de absurdos que podem ser encontrados nas provas escolares e dos vestibulares.
Não é de hoje que o Estado investe erradamente o dinheiro público em projetos pirotécnicos para a educação, mas nada disso adianta se a base do aprendizado não for sólida. Instruir uma sociedade é a única forma de alcançar o desenvolvimento, promover a cidadania em sua plenitude e garantir a democracia, mas esse trinômio é exorcizado por governantes adeptos de modelos totalitaristas, para não dizer ditadores.
A liberdade de opinião é uma garantia constitucional expressa com destaque na Carta Magna de 1988, mas pouco resolve quando o cidadão desconhece os fatos com profundidade mínima e não tem opinião formada. Quando insistíamos na tese de que o programa Bolsa Família não passava de ferramenta de criação de um curral eleitoral financiado com o dinheiro público e exclusivo da esquerda, muitas foram as críticas que nos dedicaram, mas a realidade não pode ser alterada, nem mesmo por decreto. O programa garante o pagamento de um benefício desde que a família mantenha os filhos na escola, mas essa contrapartida há muito deixou de ser cobrada da maneira certa. E não há caminho mais curto para a ditadura do que um povo alimentado e ignorante.
Conteúdo didático
Outro tema que nos valeu a pecha de loucos foi o que tratou do conteúdo dos livros didáticos. Há anos, o editor do ucho.info se dedicou a pesquisar livros utilizados nas escolas do ensino médio ao longo dos anos. Se comparado com os livros utilizados nas escolas na década de 70, os atuais abordam os assuntos com uma superficialidade preocupante.
Há nesse movimento duas vertentes que se completam. A primeira delas é que como advento da rede mundial de computadores, a proliferação da informação, em velocidade assustadora, impediu que nações dominantes mantivessem em prática o imperialismo de sempre. A saída, então, foi controlar o planeta por meio da formação. E reduzir gradativamente o conhecimento do ser humano foi a estratégia escolhida. Vale lembrar que no Brasil a maioria das editoras didáticas são controladas por empresas estrangeiras, assim como acontece com muitas das principais universidades do País.
A outra vertente tem a Educação como negócio. No século passado, o aluno do ensino médio que tivesse cursado uma escola estava pronto para a vida após três últimos anos de estudo, caso decidisse não buscar um diploma universitário. A necessidade de manter a educação como negócio e torná-la cada vez mais rentável obrigou o partilhamento do conteúdo. Foi quando surgiu com mais ênfase, depois da universidade, os cursos de pós-graduação, doutorado, lato senso, MBA e outras mais. Não que esses cursos acessórios e complementares deixem de agregar valor ao estudante, mas o mercado foi previamente amestrado para contratar profissionais que ostentam diplomas como se fossem bijuterias baratas.
Voltando à pesquisa realizada pelo editor, em tempos passados essa estratégia de dominação a partir do conteúdo foi encontrada nas revistas de histórias em quadrinho, os saudosos gibis. Dependendo do interesse do país de origem da publicação, a história recebia um conteúdo adequado. Isso foi usado como ferramenta de alienação de massas, o que ocorreu sem que a extensa maioria da população mundial percebesse. Em cada lugar do planeta havia uma história com viés político dominador, o que fazia com que as pessoas fossem abduzidas por ideias imperialistas.
Fulanização do fracasso
Quando decidiu, de forma nada democrática, que Fernando Haddad seria o candidato do PT à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva apresentou seu pupilo ao eleitorado paulistano como o melhor ministro da Educação que o Brasil já teve. Os dados sobre o índice de alfabetização dos brasileiros e o atual quadro da Educação mostram que Lula é devoto confesso da mitomania e Fernando Haddad uma ode ao fracasso.