(*) Carlos Brickmann –
A Folha de S. Paulo conseguiu aquilo que todos querem: o bicheiro Carlinhos Cachoeira, cujo bicho favorito deve ser o polvo, com seus vários tentáculos, espalhados pelo mundo político em todo o país, concordou em dar uma entrevista.
Todos queriam? Não: há quem prefira apenas, deliciado, ouvir seu silêncio. Já imaginou se ele desanda a contar quais são suas ligações com os múltiplos partidos, ou quem é seu amigo na política, além do já cassado Demóstenes Torres? Se o silêncio é de ouro, a palavra é de prata – de prata, como aquela bala fatal.
O fato é que, por motivos estritamente jurídicos, a entrevista foi proibida. Segundo a assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça de Brasília, os presos só podem, pela Lei de Execuções Penais, receber seu advogado e parentes. “Compete à Vara de Execuções Penais fazer observar os direitos do preso tanto quanto garantir a estabilidade do sistema penitenciário local”, informa. Direitos do preso? Mas não é o próprio Carlinhos Cachoeira que concordou em falar?
Sim, foi ele; mas, segundo a assessoria do TJ-DF, “nada justifica a sua escolha pontual por um veículo específico da imprensa”. Mas deve haver algo que justifique sua escolha: a reconhecida credibilidade do jornal, por exemplo. Ou, talvez, por ter sido a Folha o primeiro jornal a solicitar a entrevista. Outra possibilidade? Talvez a Folha lhe tenha garantido uma entrevista gravada, do tipo perguntas e respostas, a ser publicada na íntegra, sem qualquer tipo de edição.
Um dia, Carlinhos Cachoeira terá de falar. Por que não agora?
Por todos os lados
As eleições estão chegando. A julgar pelo noticiário dos jornais, chega de intermediários: vote no Cachoeira!
A ilha de prosperidade
A General Motors acaba de suspender a construção de sua fábrica de transmissões em Joinville, SC, um investimento (já esquecido) de US$ 710 milhões. A exportação de peças para a Europa caiu por causa da crise; o uso de peças no Brasil deve diminuir, já que a economia está quase parada. Não se trata de pessimismo: se houvesse perspectiva de lucro, a GM estaria tocando a fábrica.
A marolinha
Lembra daquele investimento de US$12 bilhões da Foxconn, que criaria no Brasil 100 mil empregos e permitiria a produção de telas sensíveis ao toque para Ipad, já no final de 2011? Foi o ministro Aloizio Mercadante quem fez o anúncio, durante a visita da presidente Dilma à China. Bom, o investimento não criaria cem mil empregos de jeito nenhum, nem que os brasileiros passassem a comer Ipads. Segundo, a Foxconn informou que os recursos não seriam dela, mas do velho e bom BNDES – em resumo, dinheiro nosso (deles, só o lucro). Terceiro, até agora não apareceu produto nenhum. A Foxconn quer produzir telas iluminadas por lâmpadas, de tecnologia antiga. As mais modernas, com LEDs, ou com Oleds, nem pensar.
E que diz o ministro Mercadante? Nada: já nem é mais ministro do Desenvolvimento, hoje é da Educação (onde também faz promessas logo revogadas). Comentam que vai substituir o ministro Patriota no Itamaraty.
O homem certo
Não, não estranhem: há alguém mais bem talhado para substituir o ministro Antônio Patriota do que o ministro Aloízio Mercadante?
Empregos nucleares
A Marinha vem desenvolvendo há anos em Iperó, dizem que com êxito, um sistema de propulsão nuclear para submarinos. Outras tentativas de desenvolver tecnologia nuclear, com uma penca de estatais fundadas na época da ditadura, não deram certo.
Agora estamos de volta para o passado: está surgindo outra estatal, a Amazul (Amazônia Azul Tecnologias e Defesa S/A – sendo que Amazônia Azul é o nome que os militares gostam de dar ao mar territorial brasileiro). Atenção, gente! Empregos bons na praça! E a sede é na Avenida Paulista, SP.
Boa notícia
O Supremo Tribunal Federal iniciou o credenciamento da imprensa para o julgamento do Mensalão. Em bom português, agora vai!
Má notícia
Nota transcrita da coluna Confidencial, de Aziz Ahmed, publicada no Jornal do Commercio do Rio do dia 17: “O governo federal festeja 1,5 milhão no Enem, mas deveria chorar. É mais uma geração que ficará fora das universidades. O ensino superior está no chão. As universidades federais, que vivem em greve, idem. O ministro querido da presidenta Dilma Rousseff consegue ser tão ruim quanto o antecessor, o querido do ex-presidente Lula. Por culpa dele, que agora disputa a prefeitura paulistana, há 20 milhões de jovens, de 18 a 24 anos, fora das universidades. Nelas, estão seis milhões de alunos, sendo dois milhões nas universidades públicas. Para disputar 200 mil vagas anuais nestas, há seis milhões de jovens nos cursinhos, negócio tão bom quando emprestar dinheiro consignado.”
Michesse oblige
Se o livro que Rosane Collor promete lançar tiver o nível das informações que deu ao Fantástico, não valerá a pena gastar dinheiro com ele. Só notícia velha.