Governo oferece reajuste pífio aos professores federais, mas quer acabar com a pobreza intelectual

Mão e contramão – Como sabem os leitores, no ucho.info não se faz jornalismo de encomenda, como não se tergiversa. Desde 2003, a esquerda brasileira vem nos ofertando ofensas destemperadas, depois de anos de elogios por causa das críticas que fizemos aos antecessores. O que mostra que inexiste de nossa parte qualquer tipo de perseguição jornalística aos esquerdistas, mas apenas o exercício da coerência. E diante do espetáculo de incompetência que a esquerda nos proporciona diuturnamente, não há como ficar calado diante de descalabros.

Que o PT é um cipó de incompetentes todos sabem, mas o erro maior está em não saber combinar o discurso. Sem contar que o que era defendido com intensidade nos tempos de oposição, agora, como situação, já não vale mais.

Na edição mais recente de sua prestigiada coluna, publicada no ucho.info, Carlos Brickmann, um dos inquestionáveis mestres do jornalismo brasileiro, destaca o fiasco em que se transformou o petista Aloizio Mercadante, que como ministro da Educação ofereceu aos professores das universidades federais reajuste salarial de “0,85% e daqui a três anos”. Essa miséria, creiam, partiu de alguém que no passado defendia melhores salários para os professores que estão em greve há mais de sessenta dias.

Pois bem, em um das 38 pastas do governo federal, o discurso caminha na contramão do que pretende Mercadante em relação à educação do País. Ministro de Ciência e Tecnologia, Marco Antonio Raupp (ele sucedeu Mercadante no cargo) participou da abertura da 64ª reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, em São Luís, que defendeu o combate à pobreza intelectual. E o ministro Marco Antonio Raupp endossou a tese que emoldura o evento que termina na próxima sexta-feira (27).

Discurso politicamente correto, além de necessário, mas as ações do governo do PT contrariam qualquer reles expectativa nesse sentido. É no mínimo irresponsabilidade acreditar que o fim da pobreza intelectual se dará a partir de professores descontentes no quesito salarial. Sem remunerar adequadamente quem forma os chamados intelectuais não há como reverter a baixa intelectualidade nacional.

Por outro lado, o incentivo à intelectualidade passa por uma seara que não interessa aos atuais governantes, por mais que digam o contrário. A intelectualidade resulta do conhecimento, o que pode levar a sociedade, se bem formada e informada, a enxergar com mais clareza as mazelas do Estado e compreender o viés totalitarista do projeto de poder que está em marcha desde a chegada de Lula ao Palácio do Planalto. Em outras palavras, povo muito instruído não é o desejo de ditadores.